Chegou ao fim o terceiro ciclo de Renato Portaluppi como técnico do Grêmio. Iniciada em setembro de 2016, a trajetória do ídolo gremista trouxe títulos importantes ao clube, encerrando um jejum de conquistas que já durava 15 anos. Afinal, ninguém ganha uma estátua à toa.
Porém, sua estadia termina de maneira melancólica, com derrotas e eliminações frustrantes em diferentes competições. GZH preparou uma lista de erros e acertos da passagem do treinador pelo vestiário tricolor.
Acertos
Manutenção do modelo de jogo
Quando chegou à Arena, há quatro anos e meio, Renato não apresentou uma ruptura com tudo o que havia sido implantado pelo seu antecessor Roger Machado. Manteve o sistema tático 4-2-3-1, com Luan como falso camisa 9, que apostava na proposição de jogo pela troca de passes. Ao mesmo tempo, propôs pequenas alterações, como a adoção da marcação individual ao invés de zonal, como praticada anteriormente. Também fixou o argentino Kannemann como novo titular. Dali, o time decolou rumo à conquista da Copa do Brasil de 2016.
Devolução da confiança
O treinador não devolveu apenas a confiança a um torcedor que andava cabisbaixo por colecionar insucessos na última década, como também motivou jogadores até então contestados no futebol nacional. Edilson, Cortez, Fernandinho e Jael, por exemplo, foram figuras importantes na conquista da Libertadores de 2017. Com o vestiário totalmente em suas mãos, extraiu resultados que até então pareciam inimagináveis, como enfrentar o Real Madrid na final do Mundial de Clubes, em Abu Dhabi.
Consolidação de jovens da base
Embora seja acusado por muitos torcedores de demorar demais para firmar os garotos na equipe titular, Renato consolidou muitas das joias lançadas durante a gestão de Romildo Bolzan: Arthur, Everton Cebolinha, Pepê e Ferreira foram alguns do meninos que ganharam sequência com ele. Mais recentemente, Vanderson e Brenno passaram pelo mesmo processo.
Hegemonia em Gre-Nais
Com um futebol vistoso, o Grêmio enfileirou títulos. Porém, quando as atuações deixaram de encantar, não deixou de ser competitivo. O maior exemplo disso se viu nos Gre-Nais. Diante do maior rival, o treinador adotou muitas vezes uma postura pragmática, jogando atrás da linha da bola e apostando em contra-ataques ou jogadas aéreas. Desta forma, permaneceu invicto por 11 clássicos, mantendo respaldo junto à torcida e diretoria. Ao todo, em 20 jogos contra o Inter, venceu nove, empatou oito e perdeu apenas três vezes.
Erros
Prejuízo em investimentos
Nesses quatro anos, a diretoria investiu pesado para atender alguns dos pedidos por reforços. O problema é que nenhuma dessas contratações que custaram muito aos cofres gremistas deram boa resposta e, tempos depois, acabaram tendo contratos rescindidos ou sendo repassados a outros clubes. São os casos de André, Diego Tardelli, Marinho e Luciano — estes dois últimos, aliás, se saíram muito melhor em Santos e São Paulo, respectivamente.
Insistência com baixa resposta
Até mesmo pelo fato de terem sido indicações suas, Renato insistiu demais em atletas que não deram resultado. O centroavante André foi o caso mais emblemático, precisando de uma intervenção do presidente para que não ocorresse mais. A situação fez com que a torcida pegasse implicância com o jogador a ponto de vaiá-lo no aquecimento. Situações semelhantes foram vivida com Cícero e Thaciano. Escalados em diferentes funções, os dois se tornavam a primeira alternativa sempre que abria a brecha para uma substituição na equipe.
Desinteresse pelo Brasileirão
Até mesmo por ter conquistado títulos de expressão nas duas primeiras temporadas de Renato, o Grêmio passou a impressão de que poderia ter ido além na briga pelo título do Brasileirão. O melhor posicionamento foram dois quartos lugares, em 2018 e 2019. Com a desculpa de que não poderia brigar em mais de uma frente, e priorizando torneios mata-mata, o treinador escalou times reservas ou mistos em muitas rodadas do campeonato por pontos corridos e, com isso, se distanciou do título.
Estagnação tática
Durante todo o período em que esteve na Arena, Renato variou muito pouco o sistema tático. Ainda por cima, só o fez quando não dispôs do meia armador (Jean Pyerre) e escalou três volantes no meio-campo. Desta forma, o Grêmio foi se tornando cada vez mais previsível e deixando de surpreender os adversários.