Imagine você, torcedor do Grêmio, quantas vezes fantasiou marcar um gol com a camisa tricolor em um Gre-Nal. O sonho de milhares de pessoas foi realizado por Léo Chú na madrugada de domingo, quando fez o gol da vitória no clássico 430, na Arena, aos 43 minutos do segundo tempo, quando o relógio já passava da meia-noite e os colorados esperavam celebrar o aniversário de 112 anos do clube de outra maneira.
Mas o guri antecipou a comemoração do próprio aniversário, que será celebrado terça-feira, quando completará 21 anos e, agora, com dois gols como profissional do time que torce desde o berço.
— Foi a melhor comemoração possível dessa maioridade. E em grande estilo, com gol no Gre-Nal. Como não vamos estar com ele e nem comemorar juntos no dia, antecipamos essa celebração — conta Simone Torres Alves, mãe de Léo.
O guri que já nasceu fardado de azul, preto e branco estará, no dia do aniversário, em Quito, no Equador, realizando outro sonho: o de jogar uma Libertadores. Tudo bem que ele já teve alguns minutos em campo contra o Ayacucho, mas a esperança agora é de ganhar mais tempo nas próximas partidas.
— Quando ele voltou do Ceará, imaginamos que não ficaria muito tempo aqui, que seria vendido, emprestado. Mas a nossa expectativa era de que ele pudesse ficar no clube e ganhar oportunidades como titular. A família toda é gremista, queremos vê-lo jogar os 90 minutos, mas sabemos que isso vai acontecendo aos poucos. Quem sabe esse gol não foi o empurrãozinho que ele precisava? — vibra a mãe.
Para o guri, que sonha um dia vestir a camisa 7 do Grêmio, o momento não tem explicação. Pelas redes sociais, ele disse:
"Quem diria que um guri chegaria em um clube gigante (sem chuteiras) e realizaria seu sonho em jogar pelo seu clube do coração? Pois é, mas os sonhos acontecem. Com muita força, luta, vontade e o principal, com um chão para pisar, eu conquistei. Minha família sempre esteve comigo. Hoje não realizo só um sonho, hoje eu realizo 'o sonho'. Fazer um gol no maior clássico do Brasil não é pra qualquer um. Eu, como gremista raiz que sou (de brigar, chorar, sorrir, do Olímpico), paro e penso se tudo isso é real. Só tenho a agradecer por esse clube maravilhoso que eu sempre amei e me abriu as portas para que isso tudo se tornasse real. O sonho continua. Vamos por mais".
Depois do jogo, Léo Chú não teve tempo para muita coisa. Foi direto se encontrar com a família, na zona norte de Porto Alegre. Comemoraram a vitória no clássico e, claro, o golaço com a perna direita — que não é a melhor — marcado pelo guri. Em meio às ligações e mensagens de parabéns, ele vibrava com a família um feito que "nunca será esquecido", conforme relevou a mãe.
Mas nem só de festa foi o dia seguinte ao gol. Deu tempo para Léo Chú tirar apenas uma sesta de aproximadamente duas horas porque, às 10h, tinha treino no CT Luiz Carvalho. O guri que fez o gol da vitória no Gre-Nal não teve descanso e só pôde voltar a comemorar com a família após a atividade, à tarde, quando fizeram um churrasco já antecipando o aniversário de 21 anos.
— Ele mal conseguiu dormir até agora. Tirou um cochilo só, porque a adrenalina estava muito alta. Estamos fazendo um churrasquinho pra comemorar com ele o gol, o aniversário, mas ele me disse que está cansado, que está louco pela cama dele — brincou Simone.
Nesta segunda o herói tricolor no clássico 430 já embarca rumo ao Equador junto com a delegação gremista que vai encarar o Independiente del Valle pela última fase preliminar da Libertadores. O dia do aniversário será de treino para, quem sabe, ganhar um espaço no time e mandar mais flechadas para os torcedores, que de casa comemoraram o gol e colocaram nas redes sociais: "Não é mole, né. Quem tem Léo Chú, não precisa de Borré".