Para ser campeão da Copa do Brasil neste domingo (7), o Grêmio precisará fazer algo que ainda não conseguiu nesta temporada: vencer o Palmeiras. Dos três embates travados com o time paulista até então, obteve dois empates por 1 a 1 (pelo Brasileirão) e uma derrota — justo no primeiro jogo da final. Portanto, se quiser escrever uma história diferente, o técnico Renato Portaluppi poderia apresentar alguma situação nova em São Paulo.
— Se eu tivesse que escolher um time para não atacar pelo alto seria o Palmeiras. Não quer dizer que não vá sofrer gol de cabeça, mas o Palmeiras gosta muito deste cenário de se defender perto da própria área e acionar os contra-ataques com Rony. É diferente do que o Grêmio fez com o São Paulo, na semifinal, que não é bom nisso. De fato, o Renato vai ter que tirar algo da cartola ou fazer melhor do que fez no primeiro jogo. Ganhar com bola aérea vai ser difícil. O Grêmio precisa envolver com trocas de passes mais rápidos, sem que os volantes fiquem apenas tocando a bola de maneira vertical ou recorrendo aos cruzamentos. Será preciso encontrar esse passe vertical, que fez falta no jogo de ida — avalia Gabriel Dudziak, comentarista da Rádio CBN, de São Paulo.
Entre as opções aventadas para modificar o time gremista está o atacante Ferreira. Acionado no segundo tempo da partida na Arena, o garoto foi responsável pela primeira finalização contra o goleiro Weverton. Porém, ele foi escalado para encarar o Brasil-Pel na estreia do Gauchão, só deixando o campo na reta final porque foi expulso.
— Talvez este seja um indício de que ele (Ferreira) não vai começar. O Renato nunca foi um técnico estrategista, que muda o time e surpreende. Ele é mais de impor o seu modelo de jogo. Então, acho que ele não vai mudar o time. O que ele vai tentar fazer é corrigir a movimentação do meio. O Grêmio vem sendo, há um bom tempo, facilmente marcado porque falta o movimento sem a bola. O Santos, o Flamengo e o próprio Palmeiras fizeram isso muito bem. De repente, pela saída do Everton, que tinha vitória pessoal, o time do Grêmio ficou muito previsível — opina Leonardo Miranda, analista tático do ge.globo.
Derrotas palmeirenses
Para derrotar o Palmeiras, o Grêmio pode buscar exemplos de fora. Desde que chegou ao clube paulista, em novembro, o português Abel Ferreira sofreu apenas sete derrotas. Entretanto, em três delas, utilizou uma equipe reserva (contra Ceará, Coritiba e Atlético-MG, pelo Brasileirão).
Contra Inter e Flamengo, também pelo campeonato nacional, os titulares tiveram de jogar fora de casa. Diante do Tigres, no Mundial de Clubes, o campo era neutro. Até agora, o único tropeço em casa foi causado pelo River Plate, no jogo de volta da semifinal da Libertadores.
Na ocasião, precisando reverter os 3 a 0 sofridos na Argentina, o técnico Marcelo Gallardo armou um time extremamente ofensivo, posicionando três zagueiros atrás e dando total liberdade para que os laterais e meias chegassem ao ataque.
— É um caminho que pode ser feito, mas tenho muitas dúvidas da capacidade do Grêmio de repetir um cenário como o do River, de pressionar muito em cima, de ter uma linha de defesa adiantada. Naquela ocasião, o River jogou fora qualquer conservadorismo porque tinha de buscar um 3 a 0, mas correu riscos de sofrer contra-ataques. Não sei se o Renato está disposto a isso. É fato que o Palmeiras teve muito problema para sair dessa marcação-pressão na saída de bola, mas tem o outro lado da moeda, já que ele também gosta de ter campo para explorar em velocidade — conclui Dudziak.
Da mesma forma, Leonardo Miranda não acredita que o Tricolor vá repetir a estratégia usada pelos argentinos.
— O Renato é muito mais conservador (do que Gallardo) e, quando muda o time, coloca mais um volante para proteger o meio e jogar no contra-ataque. Acredito que, pela necessidade do placar, o Renato aposte ainda mais no modelo de posse de bola e construção, pedindo para o time se impor. O que o Palmeiras fez em Porto Alegre foi fechar os espaços e tirar a circulação da bola. Por estar descansado e não ter jogado com titulares no fim de semana (pelo Paulistão), vai tentar aguentar essa pressão ainda mais — completa.
Eis a sinuca de bico em que se meteu Renato. Para ser hexacampeão da Copa do Brasil, terá de buscar mais um resultado que justifique a imortalidade tricolor.
Derrotas sofridas pelo Palmeiras de Abel Ferreira:
Inter 2x0 Palmeiras (26ª rodada do Brasileirão)
Titulares
Palmeiras 0x2 River Plate (semifinal da Libertadores)
Titulares
Flamengo 2x0 Palmeiras (31ª rodada do Brasileirão)
Titulares
Ceará 2x1 Palmeiras (32ª rodada do Brasileirão)
Reservas
Palmeiras 0x1 Tigres (semifinal do Mundial de Clubes)
Titulares
Coritiba 1x0 Palmeiras (35ª rodada do Brasileirão)
Reservas
Atlético-MG 2x0 Palmeiras (38ª rodada do Brasileirão)
Reservas