Ainda há tempo para se preparar para as finais da Copa do Brasil. Com os jogos decisivos estão agendados para 28 de fevereiro e 7 de março, o Grêmio usará as quatro rodadas que restam do Brasileirão para melhorar seu rendimento. Além disso, pode tirar algumas lições sobre como enfrentar o Palmeiras se observar o que aconteceu em Doha, no Catar, neste domingo (7).
Adversário gremista pelo último título da temporada, a equipe paulista foi derrotada pelo Tigres-MEX na semifinal do Mundial de Clubes, decepcionando seu torcedor e dando pistas sobre seus pontos fracos. É verdade que os palmeirenses estiveram pouco inspirados, mas é preciso reconhecer que os mexicanos foram felizes em sua estratégia de jogo.
Atuando no mesmo sistema tático utilizado por Renato Portaluppi (4-2-3-1), a equipe comandada pelo brasileiro Tuca Ferretti soube se adaptar aos dois cenários: com muita posse de bola no primeiro tempo (61%) e mais acossado na segunda etapa, depois de abrir o placar. Confira as lições deixadas por eles:
Movimentação ofensiva
O português Abel Ferreira tentou repetir o que já havia feito para surpreender o River Plate, na Argentina, pela semifinal da Libertadores. Usou Marcos Rocha como um terceiro zagueiro, dando liberdade para que o uruguaio Matías Viña avançasse pelo lado esquerdo, e segurou Gabriel Menino como um ala-direito. Porém, o Tigres dificultou que o cenário se repetisse, apostando na troca de passes e na movimentação intensa.
No meio-campo, o volante Rafael Carioca ditou o ritmo, distribuindo 51 passes certos. Na frente, os atacantes circulavam para não permitir os encaixes de marcação — principalmente do colombiano Quiñones, pelo lado esquerdo. Até mesmo o centroavante Gignac deixava a área, puxando consigo a marcação palmeirense. Em um destes espaços deixados por ele, ingressou o paraguaio Carlos González, para ser derrubado na área, na volta do intervalo, no pênalti que daria a vitória magra, porém justa.
Bola invertida sobre Marcos Rocha
Se o gol da vitória mexicana saiu apenas no segundo tempo — e de pênalti —, é preciso enaltecer ao goleiro Weverton. Ele foi responsável por duas defesas monumentais ainda no primeiro tempo, em cabeçadas de González e Gignac. Nestes lances, ficou evidente a estratégia do Tigres: atacar pela direita para explorar a bola aérea no segundo pau.
Fugindo dos dois defensores palmeirenses de boa estatura (Luan, de 1m89cm, e Gustavo Gómez, de 1m85cm), Gignac (1m87cm) caía pelo lado esquerdo da área, onde batia de frente com o lateral Marcos Rocha (1m76cm), que aparecia postado com um zagueiro.
Marcação e compactação defensiva
Enquanto o placar estava 0 a 0, o Tigres propunha o jogo e ficava atento às bolas longas para Rony para não sofrer com contra-ataques. Outro ponto que chamou a atenção foi a baixa participação ofensiva do extrema-direita Javier Aquino, que permaneceu mais preocupado em bloquear os avanços de Viña do que em atacar.
A partir do momento que abriu o marcador, os campeões da Concacaf baixaram suas linhas e se compactaram. Ainda assim, não deram liberdade para que os volantes palmeirenses pensassem o jogo (Danilo e Zé Rafael, depois Felipe Melo e Patrick de Paula não tinham opção de passe).
O mesmo motivo fez o meia Raphael Veiga sucumbir até ser substituído. Não à toa, os maiores passadores da equipe paulista foram os zagueiros Luan e Gustavo Gómez (54 e 52 passes certos). Sem alternativas, os brasileiros se limitaram a alçar bolas na área, para a consagração do zagueiro Salcedo e do goleiro Nahuel Guzmán.