Para quem gosta de teorias conspiratórias, a derrota do Grêmio para o Flamengo foi um prato cheio. Afinal, o resultado obtido na Arena fez com que o clube carioca assumisse a vice-liderança do Brasileirão, ficando a apenas quatro pontos do Inter. Porém, o que se viu em campo foi mais uma atuação em que o Tricolor oscilou durante os 90 minutos, tendo do outro lado do campo o atual campeão continental e nacional.
— O Grêmio trata todos seus jogos com seriedade. Até porque estamos precisando do resultado para garantir classificação para a Libertadores — desabafou o vice-presidente de futebol gremista, Paulo Luz, rebatendo acusações de uma possível entrega para prejudicar o rival na tabela.
Confira cinco motivos que ajudam a explicar a vitória flamenguista nesta quinta-feira (28):
1) Qualidade do rival
Com exceção do atacante Pepê — que foi preservado por conta de dores no quadril, segundo o técnico Renato Portaluppi —, o Grêmio colocou força máxima em campo. Mas é preciso também considerar a qualidade técnica do adversário, que não perde para o Tricolor desde 2018.
Além disso, há muitos remanescentes da equipe campeã da última edição da Libertadores, como Gabigol, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Bruno Henrique, que viveram uma noite inspirada em Porto Alegre.
2) Recuo após o intervalo
O placar de 1 a 0 favorável ao Grêmio no primeiro tempo não condizia com o que se via em campo. Com maior posse de bola e intensa movimentação de seus homens de frente, o Rubro-Negro havia criado as melhores chances. Ainda assim, não conseguiu ser efetivo. Após o intervalo, este cenário mudou.
Com um sistema tático arrojado e complexo, a equipe de Rogério Ceni deixava três atletas na defesa (Willian Arão, Gustavo Henrique e Filipe Luís) e atacava com sete jogadores. Este comportamento fez com que o time carioca chegasse a ter 80% de posse de bola nos minutos iniciais. Demasiadamente recuado em seu campo de defesa, o Tricolor foi envolvido pela troca de passes e sofreu a virada em 14 minutos.
3) Individualidades abaixo
A má atuação diante do Flamengo não foi um caso isolado na temporada. Recentemente, o Grêmio já havia sido sufocado por Atlético-MG, Palmeiras e até pelo Inter (no primeiro tempo do Gre-Nal), onde o adversário criava, mas não conseguia converter a superioridade em gols. A diferença foi que o time carioca soube aproveitar.
Esta oscilação dentro da mesma partida se deve à queda de rendimento de alguns atletas, como Jean Pyerre, Matheus Henrique e Alisson, que vivem de lampejos do que já fizeram no passado. Com tantas individualidades abaixo, é natural que a coletividade caia de produção. Diego Souza, autor de dois gols, foi a grande exceção.
4) Descontrole emocional
A derrota no Gre-Nal, com muitas reclamações sobre a atuação da arbitragem, ainda estava latente no vestiário gremista. O próprio Renato admitiu isso em sua entrevista. Assim que ficou em desvantagem no marcador, o Tricolor perdeu ainda mais o controle emocional. Um exemplo disso foi que, logo após o terceiro gol flamenguista, Matheus Henrique chutou a bola para longe antes do reinício da partida, e levou um cartão amarelo que o suspende da próxima rodada.
5) Falta de foco
Por mais que o discurso externo seja de busca pelo G-4, o foco gremista parece estar na Copa do Brasil. Desde que eliminou o São Paulo, carimbando sua passagem à final, o time disputou seis partidas e venceu apenas uma — contra o Bahia, em casa, com atuação pouco convincente.
A questão é que a definição de data para as decisões só será conhecida neste sábado, depois que o Palmeiras selar seu destino na Libertadores. E se as finais ficarem para 28 de fevereiro e 7 de março? Até lá, é preciso reagir o quanto antes na tabela e não ficar na dependência do título para conquistar uma vaga no torneio continental.