Grêmio e São Paulo são dois dos clubes mais vencedores do Brasil. Ambos tricampeões da Libertadores, três títulos do Mundial de Clubes para os paulistas, um para os gaúchos, seis Campeonatos Brasileiros para o Tricolor do Morumbi e dois para o de Porto Alegre. Mas se tem uma competição onde o Grêmio leva ampla vantagem é na Copa do Brasil.
Nesta quarta-ferira (30), às 21h30min, o time gaúcho entrará no gramado do Morumbi em busca da classificação para a sua nona final do torneio de mata-mata, onde é pentacampeão e almeja igualar a marca de seis conquistas do Cruzeiro. Já o São Paulo tentará avançar para apenas a sua segunda decisão de Copa do Brasil, competição na qual ainda não conseguiu sagrar-se campeão.
A semifinal deste ano é a 15º do Grêmio, um número assombroso se levarmos em conta o Tricolor está em sua 27ª participação do torneio. Ou seja, em mais da metade ficou entre os quatro primeiros. A história vitoriosa começou a ser escrita logo na primeira edição da Copa do Brasil, em 1989, quando o time gaúcho levantou a taça ao bater o Sport na decisão.
O ex-atacante Paulo Egídio marcou cinco gols naquela campanha. Ele lembra que a vaga na Libertadores foi o fator motivacional que impulsionou o Grêmio a buscar o título daquele novo torneio nacional.
— O futebol gaúcho sempre valorizou muito a Libertadores, e naquele tempo só se classificavam dois clubes, era mais difícil. A nossa primeira motivação foi essa: a vaga na Libertadores. Levamos a competição a sério desde o início pensando na vaga e também em sermos os primeiros campeões do torneio. Foi uma caminhada normal até aquela semifinal, quando construímos um placar quem nem nós esperávamos contra o Flamengo — recorda, citando a goleada de 6 a 1 sobre os cariocas no Estádio Olímpico.
O título diante do Sport foi conquistado em jogos equilibrados. Após um empate por 0 a 0 em Recife, o Grêmio venceu por 2 a 1 no Olímpico com gols de Assis e Cuca. O time pernambucano balançou as redes em uma falha do goleiro Mazarópi.
— O nosso time era experiente e isso ajudou. Abrimos o placar com o Assis e levamos o empate com um gol que nunca havia visto o Mazarópi levar, que um grande goleiro como ele era não costuma tomar. Aí o jogo ficou complicado, mas, felizmente, tivemos calma para buscar a vitória e o título que acabou nos colocando na história do Grêmio — completa.
Depois de 1989, o Grêmio voltou a ganhar a Copa do Brasil em quatro oportunidades: 1994, 1997, 2001 e 2016. Em três delas, Danrlei estava no gol. Criado na base gremista, o ex-goleiro afirma que o apreço pelas competições de mata-mata faz parte da alma do clube, o que se reflete nos atletas.
—O Grêmio sempre gostou de jogar mata-matas. O gremista sempre gostou, o jogador que chega ao clube já entende isso. Quando nós ganhamos o Brasileirão ainda era na época de mata-mata. Essa tradição existe, sim. Tem clube que têm tradição, e é o caso do Grêmio, que, além dos títulos, chegou a outras finais. A torcida do Grêmio tem uma paixão especial por mata-matas e isso chega aos jogadores — avalia o ex-camisa 1.
Alertas recentes
Depois de ter vencido por 1 a 0 na Arena, na semana passada, o Grêmio tem a vantagem do empate nesta noite no Morumbi. O clube, no entanto, tem exemplos recentes de que não pode se descuidar diante do São Paulo. Nas duas últimas vezes em que esteve na fase semifinal da Copa do Brasil, em 2017 e 2019, contra Cruzeiro e Athletico-PR, respectivamente, o time de Renato Portaluppi abriu vantagem na Arena, mas acabou eliminado na volta - em ambas oportunidades nos pênaltis.
As eliminações recentes servem de alerta, mas o tricampeão Danrlei tem uma visão otimista. Depois de um jogo bastante truncado na Arena, onde Diego Souza anotou o gol em uma das poucas oportunidades gaúchas, o ex-goleiro acredita que o Grêmio poderá ter mais espaço no Morumbi diante da necessidade do São Paulo de buscar o resultado.
— O São Paulo tem um time bom e que sabe jogar com a bola, mas o Grêmio terá no Morumbi um espaço para atacar que não teve em Porto Alegre. Tendo jogadores como o Pepê, isso pode fazer a diferença. Na Arena, o setor do Pepê estava mais congestionado, mas acredito que terá mais espaço nesta noite — prevê.
Paulo Egídio pede atenção para o Grêmio no começo do jogo. Ele cita que a recente eliminação na Libertadores para o Santos deve servir de alerta para o elenco.
— O Santos não tem um time muito técnico, mas conseguiu pressionar o Grêmio e fez aquele gol cedo. Não penso que tenha sido um problema na estratégia do Renato, mas foram falhas individuais. O Grêmio é um time bem montado, mas que pagou caro por falhar. Isso não pode se repetir. Esse jogo é para controlar o São Paulo no início e depois se aproveitar do nervosismo deles.
Se as experiências recentes preocupam, novamente a história aparece a favor do Grêmio. Desde 1989 foram disputados 62 confrontos de semifinais na Copa do Brasil. Em apenas 13 deles (20,96%), a classificação foi de um time que havia perdido o jogo de ida. Assim entrará o Grêmio no Morumbi, confiante na qualidade do trabalho feito por Renato Portaluppi e seus jogadores, mas também com a história ao seu lado quando o assunto é Copa do Brasil.