Quando o árbitro Rodrigo Dalonso Ferreira apitar o início de jogo entre Grêmio e Goiás, na segunda-feira (30), pela 6ª rodada do Brasileirão, adiada do dia 30 de agosto em virtude da final do Gauchão contra o Caxias, o técnico Renato Portaluppi se tornará o treinador com mais jogos à frente do Tricolor, superando assim Oswaldo Rolla e chegando a 384 partidas na casamata gremista. Desde sua estreia, quando perdeu para o Goiás ainda no Olímpico, por 2 a 0, na eliminação da Copa Sul-Americana de 2010, foram 199 vitórias, 101 empates e 83 derrotas, com 598 gols marcados e 313 sofridos, tudo dividido em três passagens, mas todas com algumas semelhanças, principalmente no que diz respeito ao jeito Renato de ser e falar.
— O grupo do Grêmio é muito bom, tem jogadores diferenciados. Conversei algumas coisas com a diretoria e podem ter certeza que os jogadores vão ter alegria de jogar futebol e muita confiança. E que a torcida volte a apoiar a equipe durante todos os jogos. Podem ter certeza que em breve o Grêmio vai sair desta situação — disse em sua primeira coletiva de imprensa como técnico tricolor, apesar de parecer uma declaração de 2020, quando o time ainda não havia "decolado".
A primeira, de agosto de 2010, quando tirou o time da zona de rebaixamento e levou para a Libertadores do ano seguinte, até junho de 2011. Voltou ao clube em 2013, levando a equipe ao vice-campeonato brasileiro, atrás apenas do Cruzeiro, mas acabou não tendo o seu contrato renovado. Mas foi na terceira que Renato se tornou ainda mais ídolo da torcida gremista. Depois de ver Roger Machado oscilar apresentando o melhor futebol do Brasil e ser demitido, o Tricolor optou por recorrer mais uma vez ao maior jogador de sua história.
A sua reestreia foi em uma Arena com quase 14 mil pessoas pelo jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil de 2016, que acabou com uma classificação sofrida nos pênaltis depois de perder no tempo normal por 1 a 0, mesmo resultado da ida. Foi o empurrão que o Grêmio precisava para sair de uma fila sem títulos de 15 anos. Naquela mesma temporada, venceu a Copa do Brasil. No ano seguinte, foi campeão da Libertadores. Em 2018, Recopa Sul-Americana e Gauchão (depois de oito anos). A fé e a confiança haviam voltado para o torcedor.
— Nem sempre um grande comandado vira um grande comandante. No caso do Renato isso aconteceu de forma esplêndida. Ele tornou-se com todas as valências um grande comandante. Foi um encontro do profissional com a estrutura, deu a estabilidade para os dois lados, às vezes tu tem um grande cara como comandante, como líder, uma figura que se sobrepõe, mas não tem o apoio do outro. Um lado fortalece o outro. Ele não é o único, mas é uma peça muito importante no que se tornou o Grêmio nesses últimos anos — ressalta Cláudio Duarte, ex-técnico do Grêmio, 19º no ranking de quem mais esteve à frente do clube, com 80 jogos.
Renato não apenas mexeu e retomou a autoestima gremista, ele mudou algo que até então parecia improvável para o Tricolor. Com o legado de Roger, transformou a "alma castelhana" em um futebol de toque e posse de bola, sendo inúmeras vezes comparado a times europeus pela forma de jogar.
— Ele constrói nos nossos dias algo que, lá na frente, nossos netos verão como um capítulo único da história do Grêmio. Trata-se do personagem da conquista da Libertadores e do Mundial que voltou para, 33 anos depois, tirar o clube de uma fila de 15 anos sem títulos e dar-lhe o Tri da América. Mais do que isso, é durante a passagem de Renato que o Grêmio passa por uma mudança histórica em seu estilo de jogo, troca o DNA de futebol com predomínio físico por uma ideia de jogo baseada na técnica — ressalta Leonardo Oliveira, colunista de GZH e comentarista da Rádio Gaúcha.
O, hoje, ao lado de Oswaldo Rolla, treinador com mais jogos à frente do Grêmio tornou-se o pacote completo para o clube. Aliou a idolatria aos títulos, ao tempo, afinal são quatros anos nessa última passagem, e basicamente triplicou a sua força e seu peso na história tricolor.
— A importância dessa marca é a consolidação mais que clara do tamanho do Renato para o clube. O mais legal é que é uma marca que chega com títulos, com propósito, não é porque "ah, ele foi um grande jogador e vamos deixar ele aí". Ele tem trabalho e méritos para isso. É maravilhoso poder ter alguém como o Renato do nosso lado — dispara Duda Garbi, comunicador do Grupo RBS e torcedor gremista.