Se por um lado o Inter tenta evitar que a pressão pela seca em Gre-Nais seja um fator a mais de pressão, o Grêmio chega para o clássico de 428 com o desafio de não relaxar para manter a invencibilidade. Até o momento, o Tricolor tem se mostrado mentalmente forte nos clássicos mesmo quando precisou superar adversidades, como ausências de jogadores importantes. Neste sábado, Renato Portaluppi não contará com Geromel e Kannemann, o que não será novidade. A dupla de zaga esteve ausente no primeiro Gre-Nal do ano e, mesmo assim, a equipe soube manter a defesa invicta para conquistar a vitória no Beira-Rio.
Nos discursos dos jogadores nos últimos dias ficou clara a ideia de tentar evitar um clima de oba-oba pela boa sequência contra o Inter. Capitão na vitória sobre a Universidad Católica, pela Libertadores, o zagueiro David Braz foi o primeiro a pregar respeito ao rival.
— Sabemos que se trata de um jogo muito difícil. Por mais que a gente tenha vencido eles na temporada, o nosso grupo sabe da qualidade do Inter e da vontade que eles estão de voltar a vencer um Gre-Nal — alertou.
O goleiro Vanderlei, que ainda não sofreu gols em clássicos desde que desembarcou em Porto Alegre, reforçou o discurso do companheiro.
— Em clássico é difícil de falar do passado. Claro que é bonito o que nós conquistamos e isso fica para a história, mas agora será outro jogo. É mais uma oportunidade para vencermos novamente e para eles tentarem quebrar esse tabu. Não temos que pensar no que passou — diz o goleiro.
O psicólogo do esporte Maurício Pinto Marques ressalta que o conhecimento que Renato Portaluppi tem do elenco pelo longo trabalho do Grêmio é um facilitador. Ele diz que tentar criar um objetivo além da vitória no Gre-Nal é uma estratégia que poderá garantir a mobilização dos atletas.
— Ter uma base do grupo de muitos anos torna mais fácil para o Renato encontrar um nível de motivação do que para o Coudet, que chegou faz pouco. Quando se conhece bem um atleta se entende melhor como ele responde. O Grêmio consegue se concentrar não apenas no Gre-Nal, mas em grandes jogos. O time tem nos últimos anos reagido bem em partidas importantes, além do Gre-Nal. Uma motivação que não se nota, por exemplo, no Campeonato Brasileiro — cita.
A má situação no Brasileirão, acredita Maurício Pinto Marques, pode ser usada como forma de motivação, pois uma vitória no Gre-Nal afastará as críticas pela situação na tabela. O Tricolor chega ao clássico apenas dois pontos acima da zona de rebaixamento.
— O Grêmio talvez dê aquele algo a mais no Gre-Nal para manter o foco nas outras competições. Aquela ideia de "ganhamos o Gre-Nal e agora não seremos mais cobrados no Brasileirão". Essa declaração dada pelo D'Alessandro, de que o Inter é muito maior que o Grêmio também poderá entrar no vestiário. Vimos no último Gre-Nal como o Renato explorou opiniões da imprensa que davam o Inter como favorito — lembra, citando a declaração dada por D'Alessandro ao SporTV. Ao falar sobre rivalidades, o argentino disse que Inter e River são muito maiores que Grêmio e Boca Juniors, o que gerou grande repercussão nas redes sociais na sexta-feira.
Ex-treinador da Dupla Gre-Nal, Cláudio Duarte acredita que a responsabilidade de manter escrita positiva no Gre-Nal pode ser tão grande quanto a de acabar com o tabu. Em razão disso, ele pensa que o Grêmio não entrará relaxado pela sequência invicta contra o Inter.
— O tamanho da responsabilidade de quem vem perdendo é a mesma do que vem ganhando. Essa é a responsabilidade não apenas do Gre-Nal, mas do futebol. Ela é do atleta de alto nível. A responsabilidade é do mesmo tamanho e da mesma importância para o lado vitorioso e para o perdedor — reforça.
Entre acabar com um jejum ou manter a escrita positiva, o Gre-Nal costuma ser um jogo de grande tensão. Esse clima é esperado para este sábado, na Arena, quando os rivais se enfrentarão pela 428º vez na história.