Com a saída de Everton para o Benfica, o técnico Renato Portaluppi passa a contar com um novo nome no time titular: Pepê, que recentemente renovou contrato com o Grêmio até 2024 e passa a ter multa rescisória de 150 milhões de euros (R$ 937,5 milhões). Para muitos, o antigo titular e o novo são jogadores iguais: extremas rápidos e com bom arremate, mas ambos têm características diferentes, as quais o Tricolor terá de se adaptar nesse novo modelo.
Apesar de um ano só de diferença entre os dois (Cebolinha tem 24 e Pepê, 23) e atuarem na mesma faixa de campo (pelo lado esquerdo de ataque), o que deve fazer com que Renato não mude o já tradicional esquema 4-2-3-1, o camisa 25 agregará novas virtudes para a equipe gremista. Everton, por sua maturidade, é considerado um jogador mais inteligente por Leonardo Miranda, analista tático no GloboEsporte.com e nos canais SporTV:
— De fato, são jogadores parecidos. O Pepê é até um jogador mais agudo do que o Everton, até pela maturidade dele, por ser mais jovem e não ter a inteligência do Cebolinha. Tende escolher a condução ao invés do passe. Quando o camisa 25 começa uma jogada, ele tende a fazer o chute, gosta do contato com o lateral. O Everton vinha aprimorando cada vez mais a criação de jogadas, conduzia a bola, atraia muitos marcadores, mas aí dava o passe e deixava o companheiro livre. O Pepê é de muita condução e pouco coletivo até o momento, perde muita bola. Everton criava chances para os companheiros.
Dentro de campo, essa característica de Everton vinha sendo percebida desde o segundo semestre de 2019, quando Renato optou por centralizar o atacante em algumas partidas, como na vitória contra o Palmeiras, no Pacaembu, pelas quartas de final da Libertadores do ano passado. Com a saída dele, a tendência é de que a virtude gremista passe a ser outra quando atacar. Para João Marcos Soares, analista e scout do Footure PRO, o Grêmio ganha em profundidade com a entrada de Pepê na equipe, mas ressalta que o camisa 25 não pode ser a referência técnica que Cebolinha era:
— Pepê gosta de ir mais pro fundo e o Cebola mais para o meio. Everton tem um passe mais assertivo, mais repertório. Gosta mais de receber a bola no pé e o Pepê gosta de receber mais em profundidade. Everton é uma referência técnica do Grêmio e acho que o Pepê não pode ser. O Tricolor vai precisar de outra referência, nem que seja em outra posição. O estilo de jogo do novo titular favorece os bons passes em profundidade do Matheus (Henrique), do Maicon e do Jean Pyerre.
Para o analista, a tendência é que o Grêmio passe a atuar de forma mais parecida com o time de 2017, quando Pedro Rocha ocupava o setor esquerdo e Everton sentava no banco.
— O Grêmio vai voltar a jogar mais como era antes do Everton, uma equipe mais coletiva, trocando mais passes, algo que se perdeu no time recentemente. Pra mim, o coletivo vai ganhar, claro que com a saída de um jogador tão importante não tem como manter o mesmo modelo de jogo. Acredito que lembre um pouco o modelo com o Pedro Rocha, ainda que as características também sejam diferentes — afirmou Soares.
Dentre as perdas e os ganhos, o Tricolor pode sofrer com uma falta de rigor defensivo do novo titular. Esse era um dos motivos apontados para que Pepê não fosse titular na vaga de Alisson, que atua pelo lado direito e exerce papel tático no esquema de Renato Portaluppi.
— O Everton já estava acostumado, pressionava a bola com facilidade e ainda tinha o senso de voltar para fazer a marcação. Vejo o Pepê um pouco mais displicente do que ele, nem sempre volta. Isso é o tempo também, conforme os jogadores vão ganhando maturidade, entendem que precisa fazer essa função defensiva também — completa Leonardo Miranda.