As duas primeiras partidas do Grêmio após a saída do atacante Everton (vitória contra o Fluminense e empate com o Ceará) mostraram um time diferente do que esperado e especulado pela imprensa com a entrada de Pepê na equipe.
A tendência natural seria a entrada do camisa 25 gremista pelo lado esquerdo, espaço ocupado normalmente pelo agora atacante do Benfica. Mas o que se viu nos últimos jogos foi a transferência de Alisson para a esquerda e a entrada de Pepê pela direita, com constante troca de posições entre os dois atacantes das pontas. Uma nova alternativa para o time de Renato Portaluppi.
Revelado pelo Cruzeiro, o camisa 23 do Grêmio surgiu atuando pelo lado esquerdo, posição que recuperou com a saída de Everton. No time mineiro, também já estava acostumado com a mudança de um lado para o outro. Técnico que revelou Alisson, Marcelo Oliveira afirmou que o jogador tem essa noção tática, algo que já fazia em Belo Horizonte.
— No próprio Cruzeiro, a gente mudava muito de posição, o Everton Ribeiro às vezes caia para um dos lados, o Willian Bigode centralizava, é uma forma de trazer dificuldades para o adversário. Os dois podem jogar por lados diferentes e acredito que o Renato saiba utilizar bem essas trocas constantes entre os jogadores. Eu gostava dele mais no lado esquerdo, ele tem drible característico, às vezes ia ao fundo, outras ia ao meio e batia — disse o treinador.
Analista tático no Globoesporte.com, Leonardo Miranda afirma que a troca de Pepê para um lado e Alisson em outro pode ser também para se aproveitar de fragilidades específicas do adversário na partida.
— Às vezes, o técnico bota o jogador para o outro lado para explorar alguma fragilidade do lateral. Essa mudança de lado pode ser usada para colocar o Pepê nas costas de um lateral que não está conseguindo voltar tanto, ele consegue ser mais rápido e o Alisson pode voltar mais para marcar. Pepê e Alisson se complementam tanto quanto Everton e Alisson — disse Miranda, que completou:
— Essa inversão privilegia muito esse mano a mano, esse embate 1 contra 1, ele pode sempre inverter para confundir o adversário. Favorece o passe em profundidade, o Luan fazia esse passe, servindo Everton, Barrios, Jael. Essa inversão pode quebrar a linha defensiva, com o Diego Souza saindo também bastante da área.
Essa troca ajuda a minimizar a perda da saída de Everton, visto que Renato perde a individualidade do artilheiro da Copa América de 2019. Pelo menos, é o que acredita Leonardo Oliveira, comentarista da Rádio Gaúcha e colunista de GaúchaZH.
— Como não conta com a dimensão e a qualidade de Everton, capazes de bagunçar a marcação adversária e desmontar sistemas de marcação com um simples gingado, o técnico busca com a troca de lado confundir as defesas rivais. É uma boa alternativa e uma novidade na era pós-Cebolinha, que ganhou tanto tamanho do lado esquerdo que chegou a Portugal.
O Grêmio, de Pepê e Alisson, volta aos gramados no Brasileirão pela terceira rodada contra o Corinthians, 19h15min de sábado, na Arena. O time de Renato Portaluppi tem quatro pontos e ainda não perdeu no campeonato nacional.