Nem todo jogador vira merecedor de uma despedida com festa ou choro. Assim como nem todo clube fica marcado na história do atleta. Para isso, é preciso uma coisas, em especial: o carinho da torcida.
Assim como Everton, que teve um adeus emocionado no Gre-Nal 426, em que praticamente despediu-se do Grêmio, outros ídolos do torcedores gremistas também tiveram essa oportunidade. Por isso, GaúchaZH listou cinco despedidas marcantes ocorridas a partir dos anos 2000:
Danrlei
A história dele fala por si só. De família gremista e criado nas categorias de base do clube, Danrlei de Deus jogou nos profissionais do Grêmio por 10 anos — entre 1993 e 2003. Conquistou Libertadores, Recopa Sul-Americana, Copa do Brasil, Brasileirão, inúmeros Gauchões, entre outros títulos. Não à toa, é o terceiro jogador com mais conquistas pelo clube (atrás apenas de Eurico Lara e Leôncio Vieira).
Em 2009, quando decidiu aposentar-se dos gramados, realizou um jogo de despedida no Estádio Olímpico entre o time campeão da América em 1995 e alguns amigos, também jogadores. A partida comemorativa levou 30 mil pessoas à velha casa gremista e rendeu palavras emocionados do ex-goleiro:
— Não há nada no mundo que pague o que estou sentido, encerrando a carreira com amigos e a torcida.
Tcheco
Apesar de anos sem títulos com a camisa do Grêmio, o ex-meia Tcheco ficou marcado no coração dos gremistas. Referência técnica e capitão do time finalista da Libertadores, em 2007, e vice-campeão brasileiro em 2008, ele despediu-se do clube no final de 2009, na vitória por 4 a 2 sobre o Barueri, no Olímpico, pela penúltima rodada do Campeonato Brasileiro.
O ex-jogador estava no banco de reservas, mas no intervalo foi homenageado pelo então presidente Duda Kroeff, que entregou a ele um quadro com uma foto do jogador e uma camisa personalizada. Além disso, ele foi muito aplaudido pela torcida, que estendeu uma faixa na arquibancada: "Tcheco, te amamos, volta logo!".
Ele entrou no no lugar de Maylson e recebeu a braçadeira de capitão do goleiro Victor para se despedir em grande estilo, com vitória. No final da partida, Tcheco jogou a braçadeira de capitão e as chuteiras para a torcida.
Hernán Barcos
O "Pirata", como é conhecido o argentino, ficou quase dois anos no Grêmio e, mesmo sem conquistar títulos, deixou seu nome marcado na história do clube como o maior artilheiro estrangeiro da história tricolor. Com 45 gols em 113 jogos, Hernán Barcos ganhou o carinho da torcida e se emocionou na despedida do clube gaúcho, em 2015.
O centroavante entrou em campo já negociado com o Changchun Yatai, da China, pela primeira rodada do Gauchão daquele ano, contra o União Frederiquense. Mas ele não queria apenas dar adeus ao clube, o argentino marcou dois gols na vitória por 3 a 0 e, no dia seguinte, concedeu entrevista coletiva no auditório da Arena para despedir-se.
— O que dizer aqui? Sou mais um gremista. Nunca xinguei, nunca mandei calar a boa. Fui xingado, fui vaiado muitas vezes e só aplaudi. Me coloquei na pele de cada um de vocês, torcedores, que faz tempo que o Grêmio não ganha uma coisa importante e eu sou mais um que sofro. Se o Grêmio estivesse em uma situação normal, eu assinaria até me aposentar no Grêmio. Mas hoje é outra coisa. Espero que seja um até logo — disse, emocionado.
Pedro Rocha
Revelado pelo Grêmio, onde foi fundamental da conquista da Copa do Brasil de 2016, que encerrou com o jejum de 15 anos do clube sem títulos nacionais, Pedro Rocha foi negociado com o Spartak Moscou, da Rússia, agosto de 2017. Ainda que seu último jogo com a camisa tricolor tenha sido na eliminação para o Cruzeiro nas semifinais da Copa do Brasil, nos pênaltis, o adeus foi feito semanas depois.
No intervalo da partida contra o Sport, pela 22ª rodada do Brasileirão, ele entrou no gramado da Arena para saudar o torcedor gremista e foi ovacionado. O atleta deu uma volta pelo estádio e viu diversos cartazes em sua homenagem.
— Feliz demais. Esse carinho que recebi aqui só tenho a agradecer a todos — disse ele ainda no gramado da Arena.
Arthur
Outro garoto que surgiu no Grêmio e teve uma despedida emociona foi Arthur. Protagonista na conquista da Libertadores de 2017, o atleta ficou até a metade do ano seguinte em Porto Alegre, antes de embarcar rumo a Barcelona. O último jogo com a camisa tricolor foi fora de casa, na Ilha do Retiro, no empate em 0 a 0 com o Sport, pela 12ª rodada do Brasileirão, na noite de 13 de junho de 2018. Naquela partida, Arthur formou com Cícero a dupla de volantes do Grêmio.
Na cotação de GaúchaZH, levou nota 7. "Esbanjou categoria em seus passes. Aos poucos, retoma sua melhor forma", diz o texto, que fazia alusão ao longo período em que o jogador havia ficado fora do time por lesão.
Durante a parada do Brasileirão, forçada pela Copa do Mundo, Grêmio e Barcelona avançaram nas negociações, que culminaram na apresentação do volante no Camp Nou dia 12 de julho. Por isso, ele despediu-se com uma entrevista coletiva no CT Luiz Carvalho, dias antes:
— Fiz questão de dar essa última coletiva, porque todos merecem. O carinho é recíproco que eu tenho pela torcida, torcida tem por aqui. Agradecer a vocês que tem por aqui, são o caminho de comunicação. Foram sete anos de muita luta, muita batalha, de muitos momentos felizes. Quero agradecer, quero pedir que todos vão a Arena, é o lugar que eu mais gosto de estar. Se concretizar essa venda, quero dizer um até logo, não um adeus. Aqui não vai ser o fim da minha trajetória no Grêmio.