Antes de o Grêmio enfrentar o Hamburgo pelo Mundial de Clubes, no Japão, o técnico Valdir Espinosa viajou à Alemanha para assistir a alguns jogos do futuro adversário. No seu retorno a Porto Alegre, ainda no Aeroporto Salgado Filho, anunciou aos repórteres que havia pedido a contratação de um jogador à diretoria: o meia Mário Sérgio, que anos antes havia sido campeão brasileiro com o rival Inter.
Conhecido pelo temperamento difícil, o polêmico canhoto atuou Beira-Rio em 1979, por indicação do então capitão colorado Paulo Roberto Falcão. Como falso ponta-esquerda, ajudou o Inter de Ênio Andrade a conquistar o Brasileirão de maneira invicta. Seguiu vestindo a camisa colorada até 1981, quando então transferiu-se para o São Paulo.
Quando entrou nos planos tricolores, Mário Sérgio tinha 33 anos de idade, estava na Ponte Preta e se preparava para encerrar a carreira. De fato, o Grêmio precisava de um camisa 10 para viajar a Tóquio, já que Tita havia retornado ao Flamengo após o término da Libertadores. Além do mais, seu estilo de jogo casava com a estratégia montada pelo treinador.
— Os alemães são velozes demais, saem para a frente com uma facilidade incomum. É necessário ter alguém que seja capaz de parar a partida e de, em certo momento, pegar a bola, "colocar debaixo do braço" e sair — explicou Espinosa, à Zero Hora, em setembro de 1983.
A negociação para tirá-lo da Ponte Preta não foi nada fácil. Mas, mediante o pagamento de Cr$ 200 milhões (equivalente a R$ 730 mil), o Grêmio conseguiu trazê-lo ao Estádio Olímpico. Depois dele, ainda desembarcaria outro atleta experiente para reforçar o meio-campo tricolor: Paulo César Caju. Após um período de adaptação, ambos foram titulares na vitória de 2 a 1 sobre o Hamburgo.
Apesar da boa atuação, o meia não teve seu contrato renovado. Foram apenas 11 jogos com a camisa tricolor. Meses depois, inclusive, acertou com o Inter e, vestido de vermelho, foi homenageado ao lado dos ex-companheiros gremistas em um Gre-Nal organizado para que as equipes se entregassem as faixas de campeão do mundo e gaúcho.
Depois, já aposentado, voltou a trabalhar dos dois lados. No Grêmio, em 2005, como diretor, no Inter, em 2009, como técnico. Depois passou a exercer a profissão de comentarista, até morrer, sendo uma das 71 vítimas do acidente com o avião da Chapecoense, em 2016. Atualmente, quem frequenta as áreas de imprensa da Arena e Beira-Rio se depara com seu rosto estampado em placas que homenageiam seu nome: Mário Sérgio Pontes de Paiva.