Após perder um pênalti na primeira das finais contra o São Paulo, no Brasileirão de 1981, Baltazar deu a volta por cima e marcou o gol título do Grêmio no confronto realizado no Morumbi. O jogador, que ficou conhecido como o "artilheiro de Deus", chegou ao Tricolor em 1979 e ficou até 1982. Abaixo, o ídolo gremista relembra a conquista.
Qual a sua recordação daquelas finais?
Foram dois jogos, o primeiro no Olímpico, que me traz uma recordação um pouco triste, porque perdi um pênalti. Logo depois, o São Paulo fez um gol. Ainda bem que conseguimos reverter e vencemos por 2 a 1. Foi marcante para mim ter perdido aquele pênalti na final, mas graças a Deus conseguimos nos recuperar e saímos com a vitória. No Morumbi, sabíamos que a decisão seria difícil. O São Paulo tinha uns seis jogadores de seleção, um time realmente muito bom. Foi algo extraordinário conseguirmos a vitória fora. Aquele gol foi o mais significativo da minha história como jogador.
Aquele gol foi uma pintura. O senhor lembra bem do lance?
É inesquecível. Para se ter uma ideia, eu não dormi naquela noite. O gol ficou rodando na minha cabeça, porque ainda vi na televisão depois. Foi algo memorável, até porque eu não fui um jogador de gols tão bonitos. Minha especialidade era tentar fazer gols. Aquele foi o gol mais bonito da minha carreira. Fiquei muito emocionado. Naquele momento, sabia que seríamos campeões. E, além disso, era o primeiro título nacional do Grêmio. Foi algo realmente fantástico. Não por acaso o Grêmio foi o clube que mais tempo joguei, que me traz grandes recordações.
Quando o senhor perdeu o pênalti no primeiro jogo, o que passou pela sua cabeça?
O importante foi que nós vencemos. Aquilo fez com que todos pudéssemos esquecer o pênalti perdido. Se tivéssemos perdido, seria terrível para mim. Há um versículo na bíblia que diz: "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus". Eu sabia que Deus estava guardando algo melhor para mim, foi por isso até que falei no final do jogo. Sabia que algo maior iria acontecer.
Como foi a campanha do Grêmio no campeonato?
Foi uma campanha muito difícil. O nosso time era bom, mas não tinha tantos craques, jogadores de Seleção Brasileira. Mas era um time coeso, forte, determinado e bastante unido. Tínhamos um grande treinador (Ênio Andrade), experiente, então tudo aquilo contribuiu. Na final, tínhamos vencido o primeiro jogo, mas o comentário de todos era que não adiantava nada se não fôssemos campeões. Os nossos nomes só seriam lembrados se conseguíssemos o título. Estávamos bem focados e creio que isso contribuiu para sermos campeões.
Ainda acompanha os jogos do Grêmio com carinho ?
Sempre que possível gosto de acompanhar, ver os resultados, porque é um cube que ficou marcado na minha história. Cheguei ao Grêmio com 19 anos, fui muito bem tratado, respeitado, tanto por torcida quando direção. Isso me marcou bastante. O maior título da minha carreira eu ganhei no Grêmio. Não foi o campeonato brasileiro, mas ser conhecido como o artilheiro de Deus. Para mim, não tem alegria maior. Onde eu vou as pessoas lembram de mim como alguém que falava de Deus e isso me deixa orgulhoso.