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Qualificado pela torcida do Inter como clássico mais emblemático da história do clube, o Gre-Nal do Século não foi importante apenas para os colorados. Aquela partida, válida pela semifinal do Brasileirão de 1988, entrou para o currículo de Arnaldo Cézar Coelho como o único Gre-Nal apitado por ele, justamente em seu último ano de carreira como árbitro.
— Eu estava acostumado a apitar no Rio Grande do Sul desde o início da minha carreira. Um dos primeiros jogos que apitei, em 1968, foi Botafogo x Inter. E, naquela oportunidade, eu comecei a sentir a paixão do povo gaúcho pelo futebol. Essa paixão foi crescendo, mas faltava sentir na própria pele e apitar um Gre-Nal. E quis o destino que, no ano em que parei de apitar, em 1989, em fevereiro, fui indicado para apitar essa partida que ficou conhecida como Gre-Nal do Século, tal o espírito tenso e nervoso daquele jogo — contou o ex-juiz e ex-comentarista da Rede Globo, em entrevista à Rádio Gaúcha neste domingo (19).
Naquela partida, Arnaldo teve até mesmo de se impor para apresentar um cartão vermelho ao lateral-esquerdo Casemiro, do Inter, ainda no primeiro tempo.
— Normalmente, quando o juiz vai apitar um jogo, ele pensa no histórico, se as equipes são aguerridas, dão espaço para o adversário jogar, se tem torcidas que incentivam. Eu já tinha o histórico do Gre-Nal por ver meus colegas apitarem e sabia que esse podia ser um jogo de alto risco, que você tem que estar ligado por 90 minutos — relembrou ele.
— Tive de ter muito bom senso para não me envolver no clima nervoso. E isso é muito bom para quem mora fora do Rio Grande do Sul. No meu caso, lembro que chegava na cidade ao meio-dia, comia uma saladinha com galeto em uma churrascaria ali perto do estádio, depois ia apitar. Acabava e eu pegava o avião para vir embora. Eu não vivia o emocional do jogo e isso me ajudava bastante — declarou.
Durante a entrevista, inclusive, Arnaldo Cézar Coelho manifestou uma certa surpresa ao recordar que Abel Braga era o técnico do Inter na ocasião.
— O Abel era jogador e eu apitava os jogos dele. Da sobrancelha para baixo, tudo era canela. Ele era xerifão mesmo. Depois virou técnico, foi campeão mundial e hoje é um grande amigo que tenho. Cruzo por ele na zona sul (do Rio de Janeiro), caminhando — revelou.