No dia 13 de novembro de 2011, cerca de 200 gremistas lotaram o canteiro de obras do futuro estádio no Humaitá para receber o reforço mais badalado do ano seguinte. De capacete, o atacante Kleber, com 28 anos à época, foi apresentado pelo então presidente Paulo Odone em palco improvisado em meio a guindastes e equipamentos de construção. Enfim, o Gladiador estava na Arena. A imagem era o prenúncio de nova era para o clube.
Símbolo do momento histórico de mudança do Olímpico para a nova casa, o jogador não conseguiu marcar época da forma que torcedores e, principalmente, ele próprio esperavam. Após início promissor, com direito a gol decisivo em Gre-Nal no Beira-Rio, o atleta sucumbiu a uma série de lesões.
Em 2013, chegou a ser titular na maior parte da temporada, sob o comando de Renato Portaluppi, Porém, após novas lesões e depois de ser emprestado ao Vasco, foi afastado por Luiz Felipe Scolari, desafeto desde os tempos de Palmeiras, e deixou o clube em 2015, após imbróglio judicial.
Aos 36 anos, Kleber defende hoje o Austin Bold, dos Estados Unidos. Em entrevista ao programa Sábado Esporte, da Rádio Gaúcha, no último fim de semana, o jogador fez um balanço da sua passagem pelo Grêmio e revelou torcer pelo sucesso da equipe na temporada, pelos amigos que fez em Porto Alegre, pela admiração por Renato e especialmente pelo carinho que tem com o torcedor gremista.
Confira os principais trechos da entrevista de Kleber Gladiador:
Apresentação com pompa na Arena
Na minha chegada, tanto o torcedor como eu tínhamos muitos sonhos e esperanças. Era um momento novo do Grêmio, de saída da velha casa para uma nova. Era muita perspectiva em cima, e foi uma coisa muito legal.
As lesões graves e a tristeza por não ter feito mais
Tenho carinho muito grande pelo Grêmio. Infelizmente, foi uma passagem que me deixa triste, porque foge de mim. Não fui eu. Não é que eu joguei mal. Eu cheguei no Grêmio e só me machuquei. O meu estilo casava muito com o do clube. A minha chegada foi boa, mas as lesões me atrapalharam, e isso me deixa muito triste. Antes da lesão, eu estava vivendo um momento bacana. Mas infelizmente tive uma lesão grave. Acabei acelerando a minha volta para ajudar o Grêmio logo, e isso me prejudicou mais. E depois vieram ainda outras lesões. Não rendi o que eu gostaria de ter rendido no Grêmio. Mas sempre demonstrei carinho e respeito pelo clube e pelo torcedor.
Admiração por Renato Portaluppi
A forma como o Renato leva o grupo é perfeita. Para mim, isso é o principal de um treinador. Ele sabe lidar com o jogador, sabe dar tranquilidade ao atleta. Às vezes quando o torcedor quer que se tire um atleta, ele banca. Isso é muito bom porque aí ele vê que o treinador confia nele e, mesmo que não esteja jogando bem, faz de tudo pra melhorar. Eu não sei porque ele fez um trabalho curto (em 2013, quando não teve o seu contrato renovado ao final da temporada). Não recordo o motivo pelo qual o Renato saiu. A gente foi vice-campeão brasileiro em um ano em que o Cruzeiro encaixou de uma forma absurda. Hoje, o Renato tem feito um excelente trabalho no Grêmio, ganhando vários títulos.
O atrito com Felipão
Sobre a questão do Felipão, eu falo de pessoas e não do clube. O Grêmio e o torcedor não têm nada a ver com isso. As pessoas que estão no clube muitas vezes não entendem e se omitem. Eu entendo a história do Felipão. Sei da idolatria que a torcida tem por ele, como a do Palmeiras também tem. Ele ganhou os maiores títulos com o Grêmio, e eu respeito isso. Mas, na minha opinião, ninguém é maior que o clube. Quando o Felipão retorna para o Grêmio e pede o meu afastamento, a direção deveria dizer: "vocês são funcionários e eu pago o salário de vocês. Não precisam jantar e fazerem festa juntos. Mas vocês têm que se respeitar e trabalharem juntos". E foi ainda por conta de um problema da época do Palmeiras. Não foi nem no Grêmio. É pior ainda. Faltou peito. Faltou "culhão" de chegar no cara e dizer que "não, ninguém vai afastar ninguém por causa de uma briga que vocês tiveram em outro clube. O Grêmio é maior que qualquer problema, pois precisamos ganhar títulos e fazer bons jogos". Mas não foi isso que aconteceu. Ele pediu o meu afastamento assim como também do Edinho. E o clube acatou a ordem dele.
O imbróglio judicial
Eu não tive problema nenhum com o Grêmio. O clube ficou sem me pagar, me deixou treinando separado e aí eu tive que entrar na justiça, senão eu não receberia. A opção de não jogar não foi minha. Foi do treinador que pediu o meu afastamento. O próprio torcedor muitas vezes pediu minha reintegração.
Carinho e torcida pelo Grêmio.
O meu sentimento pelo torcedor do Grêmio é dos melhores possíveis. Tenho um carinho muito grande. O clube tem muito a ver com o meu estilo de jogo e o meu estilo de ser. Eu fico de longe torcendo pelo Grêmio, pela passagem que tive e pelos amigos que fiz.
Confira a íntegra da entrevista de Kleber Gladiador: