Nesta terça-feira (3), mais uma Libertadores cruza o caminho do Grêmio. Assim que a bola rolar, às 21h30min, em Cali, diante do América, Renato Portaluppi inicia a sua quarta edição da competição no comando da equipe.
Em entrevista exclusiva à reportagem do Grupo RBS, na noite de domingo (1º), no hotel em que a delegação tricolor está concentrada, o técnico falou sobre críticas, escolhas e montagem do Tricolor para 2020.
— Não acompanho. Eu não leio, não vejo, não escuto, mas também não tenho nada contra as críticas. Elas fazem parte. Sempre falo que se o homem lá de cima não agradou todo mundo não vai ser o Renato. Mas é aquilo que falo para vocês e ninguém vai tirar da minha cabeça: prefiro errar tentando, arriscando, do que não tentar, arriscar — resume.
Confira trechos da entrevista:
Muitas vezes as pessoas falam que o Renato indica muitos "bruxos" para o time. Você acompanha esse tipo de repercussão?
Nós tentamos vários jogadores e não conseguimos pela parte financeira, porque os clubes não cediam e porque também não têm no mercado. Então nós arriscamos com dois jogadores de uma certa idade, que são o Thiago (Neves) e o Diego (Souza), que tenho certeza que vão nos ajudar bastante. Mas é aquele negócio, você sai no mercado e não encontra o que quer. Não é bem assim. O Grêmio tem os pés no chão e eu concordo com a maneira como o presidente trabalha. Acho que você pode elogiar ou criticar depois de uma sequência de jogos independentemente do jogador, não só no Grêmio, mas em qualquer outro clube. Agora, a pessoa critica antes de o jogador chegar. Aí ele vai lá e joga bem. A pessoa faz o que? Mas eu respeito a opinião de todo mundo, é válido. Mas, não adianta, é o trabalho de algumas pessoas da imprensa e não adianta ficar discutindo, abrindo a cabeça, batendo boca. Pode elogiar à vontade, pode criticar à vontade. Faz parte do trabalho de vocês. Sigo com o meu pensamento e ninguém vai mudar a minha cabeça. Em três anos e meio o Grêmio ganhou seis títulos. Será que está errado o trabalho? Não vamos ganhar todas as partidas, todos os títulos. Mas para quem estava na fila há 15 anos, acho que melhorou bastante.
Acho que você pode elogiar ou criticar depois de uma sequência de jogos independentemente do jogador, não só no Grêmio, mas em qualquer outro clube. Agora, a pessoa critica antes de o jogador chegar. Aí ele vai lá e joga bem. A pessoa faz o que?
RENATO PORTALUPPI
técnico do Grêmio
Nesse processo de montagem do grupo deste ano, conseguiu o que você queria? Ainda precisa de alguma peça?
Troquei ideias com o presidente, com o Klauss (Câmara, executivo de futebol do Grêmio), antes mesmo de sair de férias, deixei a lista, falei que eram nomes interessantes, importantes, tentem trazê-los. O Grêmio fez o possível. Praticamente trouxe todo mundo que estava naquela lista. Estávamos atrás de um goleador, de um 9, estava difícil. No momento que surgiu o nome do Diego foi unânime. Isso não quer dizer que a lista está fechada. O Grêmio é grande e tem condições de repente de trazer mais um jogador. Nunca vamos falar que o grupo está fechado. Hoje em dia está muito difícil encontrar um grande jogador disponível. Esses jogadores estão empregados e no momento que você quer tirar esses atletas de outras equipes é um preço absurdo e não tem grandes jogadores dando mole por aí. Hoje em dia é difícil fazer negócio, por isso que muitas vezes você precisa arriscar do que repente ter medo e depois ficar na mão. Porque o Grêmio é grande, disputa várias competições e para isso precisa ter um grupo grande e bom, com jogadores experientes e garotos. E foi isso que a gente e é com esse grupo que vamos tentar ganhar mais títulos.
O grupo parece estar mais completo do que no ano passado, mas também chegaram jogadores mais experientes. Como você faz esse planejamento para a montagem do grupo de jogadores?
Temos jogadores experientes porque é necessário. Mas temos jovens também. Isso é importante. Você faz um grupo forte bom, mesclando. Acho que não só no clube, mas na Seleção Brasileira também. O garoto vai sentir falta do jogador experiente, o mais experiente vai sentir faltar da correria do garoto. É dessa forma que a gente sempre fez, que vamos continuar fazendo, por isso que na chegada do Thiago Neves e do Diego Souza pedi calma, falei que eles iriam nos ajudar. Sei que eles têm uma certa idade, mas isso não quer dizer que eles vão ser titulares. Vai depender muito dos jogos, do que a gente precisa, de como eles estão se sentindo.