Mais do que uma liderança para o grupo gremista ou apenas o principal passador da equipe, Maicon defenderá no Gre-Nal de logo mais, na Arena, um histórico invejável no clássico. O experiente volante tricolor de 34 anos enfrentou o Inter 12 vezes, com cinco vitórias, seis empates e somente uma derrota. Mais do que isso: nas últimas três vezes em que o Grêmio perdeu para o maior rival, ele não estava em campo.
Na noite desta quinta-feira (12), no primeiro clássico gaúcho na história da Libertadores, fará parte de um meio-campo que foi modificado, justamente, para outro Gre-Nal, pela semifinal do primeiro turno do Gauchão. A partir daquele jogo, quando o Grêmio venceu por 1 a 0, gol de Diego Souza nos acréscimo, o técnico Renato Portaluppi passou a escalar a equipe com um tripé de volantes, com Lucas Silva, Matheus Henrique, e ele, Maicon.
— Maicon era meia de origem. Passou a jogar mais recuado para melhorar a saída de bola da equipe. Um bom jogador de meio-campo, atua em qualquer função — avalia Ricardo Gomes, seu ex-técnico no Fluminense, em 2004, no início da carreira do jogador.
A presença dele ao lado de outros dois meias marcadores não impacta o poderio ofensivo da equipe, no entendimento de outros volantes. Pingo, campeão da Copa do Brasil pelo Grêmio em 1994 e hoje treinador do Tubarão-SC, entende que as características do trio dão mais liberdade para Everton, Alisson e Diego Souza.
— São três volantes que sabem jogar. Isso facilita. Maicon é um volante que arma, que chega por trás e também marca. Com esse trio, a equipe perde em profundidade, mas ganha em armação. E isso é bom para o ataque, que poderá ficar mais próximo da área adversária e será bem abastecido — afirma Pingo.
Outro ponto que facilita para os meias é a capacidade ofensiva dos laterais. Com Victor Ferraz e Caio Henrique, contratados pelo clube neste início de temporada, o Grêmio reforça a articulação e não depende apenas de um armador para a criação das chances de gol.
— Mesmo sem esse jogador de ligação, a equipe não está deixando de produzir ofensivamente. Quando você tem dois laterais que participam da construção, esse problema é suprido — destaca o técnico Cristóvão Borges, meio-campista do Grêmio nos anos 1980, que complementa:
— É parecido com o Liverpool, que não tem esse jogador de ligação, mas os laterais participam da criação e o time tem muitas chances de gol.
Em relação a Maicon, há ainda outro ingrediente: o motivacional. Por ter sido capitão do time tanto tempo e ter moral com o torcedor, ele é daqueles jogadores que não se importam em confrontar árbitros e adversários. Na avaliação de um jogador que vivenciou o clássico em 38 oportunidades, essa vibração é importante em um Gre-Nal.
— Jogar com alma está diretamente relacionado à mística do Grêmio e ao clássico Gre-Nal. Nessas horas, a equipe que estiver mais determinada, com a força mental mais preparada para o confronto, é a que irá vencer — entende Bonamigo, ex-meia do Grêmio e hoje técnico do Boavista-RJ.
E Maicon sabe disso. Não à toa, em sua manifestação publicada pelo clube nas redes sociais, garantiu que o Gre-Nal é o clássico mais importante que já disputou:
— É um jogo especial, que mexe com a cidade. O clima dentro de campo é outro. Você sabe que a vitória pode te dar tranquilidade por bastante tempo, então é um jogo diferente, especial. Só não é mais importante do que um título, mas sem dúvida fica marcado quando você vence.
Maicon em Gre-Nais
- 12 jogos
- 5 vitórias
- 6 empates
- 1 derrota
- 58,3% de aproveitamento