No dia 12 de março, a Dupla escreverá um novo e importante capítulo de sua rivalidade. Pela primeira vez, os dois gigantes de Porto Alegre farão um enfrentamento válido pela Libertadores. Por isso, GaúchaZH recorda Gre-Nais que entraram para a história do clássico.
A década de 1970 foi sofrida para a torcida tricolor. Além de ver o rival conquistar dois títulos nacionais, o Grêmio amargava oito anos sem conquistar o Gauchão. Porém, o troco veio em 1977, quando o Tricolor interrompeu a série de títulos colorados ao vencer por 1 a 0, com gol de André Catimba.
Aliás, os sinais da virada começaram ainda em agosto daquele ano, quando Yura marcou o gol mais rápido da história dos clássicos, com apenas 14 segundos, na vitória gremista por 2 a 1 pela fase classificatória do Estadual.
— O gol mais rápido marcou muito para o torcedor. Até hoje, quando vou aos Gre-Nais, o pessoal fica olhando para ver se vai sair gol no início e, quando não acontece, começa a me abanar. Mas o grande clássico da minha vida foi os 4 a 0 — afirma o ídolo gremista.
O clássico a que Yura se refere aconteceu no final daquele ano, em novembro, pelo Brasileirão. Apesar de não ter rendido taça, o Gre-Nal entrou para a história por ter aposentado um novo uniforme do Inter, com camisas, calções e meias vermelhas.
— O Inter tinha feito um contrato com a Adidas, estava contratando vários jogadores e iria estrear um novo uniforme. Quando entramos em campo, eu olhei para eles e pensei: "Nós nos ralamos. Olha que coisa mais linda essa camisa!". Mas aquilo motivou ainda mais a gente e tocamos quatro no Inter — recorda o ex-meia tricolor.
Não surpreende o fato de Yura ter escolhido este como o seu clássico preferido. Naquele dia 6 de novembro, ele marcou duas vezes.
— O pessoal diz que o primeiro gol foi um balão que dei para dentro da área, mas pelo menos a bola foi em direção ao gol. Naquela goleira, tinha uma parte aberta na arquibancada e batia um vento, que ajudou a levar a bola. Foi um jogo marcante porque, depois disso, o Benítez caiu em desconfiança e foi mandado para o Palmeiras. Depois ele voltou melhor ainda — conta ele.
Ídolo do clube, Yura nunca se furtou em dar sua opinião sobre os clássicos, nem mesmo na época em que atuava como atleta. Por isso, também palpitou sobre o que pode acontecer na quinta-feira (12).
— Naquela época, não se costumava dizer quem era o favorito para o Gre-Nal e eu sempre dizia. Neste jogo (4 a 0), fui até multado por dizer que o Inter era favorito. Não sou do pensamento de que Gre-Nal é Gre-Nal, que o resultado justo é 0 a 0. Sempre tem um favorito, como o Inter era naquela época e como o Grêmio é hoje. Os jogadores têm de se superar para ganhar do Grêmio, mas isso não quer dizer que o resultado está garantido — conclui.
Ficha técnica:
Gre-Nal 236: Inter 0x4 Grêmio (Brasileirão de 1977)
Inter: Benítez; Batista, Dionísio, Gardel e Beliato; Caçapava (Vasconcelos), Falcão e Jair; Edu (Escurinho), Valdomiro e Luisinho. Técnico: Carlos Gainete.
Grêmio: Corbo; Eurico, Vilson, Oberdan e Ladinho; Victor Hugo, Tadeu Ricci e Yura; Tarciso, André Catimba e Éder Aleixo. Técnico: Telê Santana.
Gols: Yura (duas vezes), Tadeu Ricci e Tarciso