A data de 22 de maio de 1997 é histórica para o torcedor gremista. Naquela noite, o Grêmio silenciou um Maracanã abarrotado de 95 mil flamenguistas e conquistou o tricampeonato da Copa do Brasil. Comandante tricolor naquele título, o carioca Evaristo de Macedo recebeu a reportagem de GaúchaZH no seu apartamento, na manhã deste domingo (20), e deu algumas dicas sobre o que Renato Portaluppi pode fazer para que a equipe gaúcha possa repetir o feito no confronto da próxima quarta (23), pela semifinal da Copa Libertadores.
— Essas decisões são jogos difíceis em que costumam acontecer coisas extraordinárias. Acho que a grande virtude do treinador é fazer com que as coisas aconteçam. Se o Grêmio quer ser vencedor, tem que jogar para isso. Não pode ficar segurando resultado. Em 1997, chegamos no Maracanã e jogamos. Não tivemos medo de correr riscos. Na ocasião, montei um time mais ofensivo, chegamos a tomar 2 a 1, mas fizemos um gol e fomos campeões (o 2 a 2 dava o título ao Grêmio) — lembra.
Naquele jogo, o Grêmio saiu na frente no marcador, com João Antônio. No entanto, cedeu a virada para o Flamengo, com gols de Lúcio e Romário. Como o jogo de ida no Olímpico tinha terminado em empate por 0 a 0, o placar de 2 a 2 era favorável ao Grêmio, pela regra do gol qualificado. O gol do título saiu aos 34 minutos do segundo tempo, quando Carlos Miguel aproveitou cruzamento de Roger e chutou para o gol, confirmando o título.
— Uma das coisas mais importantes quando você chega no Maracanã e vê uma multidão, é conhecer o estádio. E eu conhecia muito bem o Maracanã. Com isso, pude tranquilizar nosso time. E é o que o Renato deve fazer, porque ele já cansou de jogar no Maracanã. Então, ele vai poder tranquilizar o seu time para que os jogadores possam jogar tranquilos. Isso é fundamental — opina Evaristo.
Aos 86 anos, Evaristo tem no currículo outras conquistas importantes, como o Brasileirão 1988, vencido com o Bahia sobre o Inter. Como jogador, foi ídolo no Barcelona, no Real Madrid e, principalmente, no Flamengo. Mas, apesar de ser torcedor do Fla, garante que não ficará triste se o Grêmio avançar à final.
— A minha família é toda rubro-negra, mas eu gosto do Grêmio, onde fiz grandes amigos e passei por bons momentos. Será um jogo em que eu vou torcer pelo Flamengo, mas, se o Grêmio ganhar, eu vou ficar contente — afirma.
Evaristo compreende as estratégias diferentes dos dois treinadores. Enquanto Jorge Jesus usa força máxima sempre, Renato Portaluppi preserva os titulares em vários jogos do Brasileirão, dando ênfase à Libertadores. Para o ex-técnico, cada um escolhe a prioridade em cima do elenco que tem nas mãos.
— O treinador faz uma análise do grupo que tem e do que ele vai enfrentar. Se o Renato prioriza a Copa, é porque ele viu que o grupo dele está muito melhor preparado para a Copa do que para o campeonato — sintetiza.
Apesar dos elogios a Renato, seu amigo e vizinho de Ipanema, e ao time do Grêmio, Evaristo de Macedo não hesita em afirmar que o Flamengo é o favorito no confronto, principalmente pelo fator local.
— O Flamengo está em casa, é favorito e vai jogar para ganhar. Não é muito fácil analisar quem é melhor. Mas existe uma coisa que é importante e que o Renato sabe. O fator campo, às vezes, é decisivo. O Flamengo se sente muito mais à vontade no Maracanã do que o Grêmio. Isso pode pesar — completa.
Caberá ao Grêmio de Renato Portaluppi superar este favoritismo e, a exemplo do que Evaristo de Macedo fez em maio de 1997, silenciar o Maracanã mais uma vez.