Um dos maiores zagueiros da história do Grêmio foi revelado pelo Athletico-PR na década de 1980. Cria das categorias de base, Adílson Batista atuou no clube paranaense entre 1987 e 1989 e venceu o campeonato estadual de 1988, antes de seguir carreira Brasil afora.
— Foi um privilégio ter começado aqui no Athletico. É um clube que eu tenho um carinho muito grande, que me projetou, me ajudou a me formar como homem, a entender as coisas que a vida nos proporciona. Aprendi a ganhar, perder, comemorar, chorar, sofrer, fazer amigos. Tudo isso foi proporcionado pelo Athletico. Então é um carinho especial que eu tenho — afirmou Adílson.
Porém, na próxima quarta-feira (4), na Curitiba onde Adílson fixou residência, o clube que o revelou terá pela frente a dura missão de superar o Grêmio, onde ele está na galeria de imortais. Chamado de Capitão América, após a conquista do bicampeonato da Libertadores de 1995, o zagueiro de bom cabeceio e técnica era um dos pilares do time dirigido por Luiz Felipe Scolari, que, além do título sul-americano, venceu dois Gauchões, uma Recopa Sul-Americana e um Brasileirão, em apenas dois anos, com 113 atuações e 13 gols marcados.
Adílson desembarcou no Grêmio em 1995, após ter passado por Cruzeiro, onde sofreu duas fraturas na perna, Inter, dois anos antes, e Atlético-MG. Na equipe gremista, fez história e guarda um grande carinho pelo clube, como revelou em entrevista ao programa Pré-Jornada, da Rádio Gaúcha:
— Um clube que a gente ama, que aprendeu a gostar, a respeitar, pela história construída com os companheiros. Foram dois anos que parecem 20, pelas inúmeras oportunidades que tivemos de buscar e brigar por títulos. Foi uma geração vencedora e a gente tem um carinho muito grande. Eu respeito demais o torcedor que foi muito importante naquela época.
Sobre o duelo semifinal da Copa do Brasil, que tem o Grêmio com vantagem de dois gols, Adílson acredita que o time de Renato passará à decisão:
— A gente sabe que o Grêmio tem uma tradição maior, uma camisa maior, um histórico dentro da competição, já abriu uma vantagem importante e acredito que o Grêmio vai ser mais uma vez finalista. Acho que tem que enaltecer o trabalho do Tiago (Nunes), que conquistou a Sul-Americana e o Paranaense do ano passado, que vem revelando jogadores, ainda estar brigando na parte de cima da tabela no Brasileiro. Mas o investimento não é o mesmo e fica difícil acompanhar os demais por objetivo maior. Mas vou estar feliz porque são dois clubes que aprendi a jogar — salientou.
Foram dois anos (no Grêmio) que parecem 20, pelas inúmeras oportunidades que tivemos de buscar e brigar por títulos"
ADÍLSON BATISTA
Ex-zagueiro do Grêmio
Um jogo entre as duas equipes marcou a passagem de Adílson pelo Grêmio. Em 19 de abril de 1996, uma noite de sexta-feira, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, os dois times se enfrentaram pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Diante de mais de 32 mil torcedores, o time gremista venceu por 3 a 0, com os três gols sendo marcados de pênalti, todos eles cobrados por Adílson.
— Na realidade eu bati quatro pênaltis, mas um deles — o segundo — teve uma invasão da área, não lembro se do Paulo Nunes ou do Carlos Miguel, e mandaram eu bater de novo. Eu fiz os quatro. O goleiro era o Ricardo Pinto. Aí entra competência, treinamento. Eu não era o batedor oficial, tinha o Arce, o Dinho, que batiam bem, mas eu sempre bati faltas, no Cruzeiro, e tinha essa habilidade também. Então pra mim foi tranquilo. Mas naquela época a gente não pedia música, senão eu ia pedir "Querência Amada" — disse o ex-zagueiro.
Na edição de Zero Hora de 20 de abril de 1996, Adílson recebeu a seguinte avaliação: "O herói do jogo. Perfeito na defesa e nas cobranças de pênaltis". Veja os três gols marcados pelo capitão gremista à época:
Sobre o carinho e a idolatria que os gremistas têm por ele, Adílson destacou a reciprocidade e o gosto pelo contato que costuma ter com a torcida.
— Eles não têm ideia e noção do respeito que a gente tem por eles também. Aquela decisão contra o Corinthians — Copa do Brasil de 1995 —, que nós perdemos e o torcedor no Olímpico cantando o hino, aplaudindo, enaltecendo o trabalho que foi feito, a gente retribuiu ali na frente. Deu uma química, uma sintonia, um respeito. Tenho um carinho enorme pelos gremistas. Pra mim é uma satisfação estar sempre conversando, falando. Sei que a gente é ídolo e tem uma história, que o pessoal gosta, quer abraçar. Pra mim é um amigo meu e a gente está ali para ser solidário, receptivo. Falar aquilo que o torcedor quer ouvir, tem curiosidade. Pra mim sempre é um privilégio conviver com pessoas que a gente tem carinho — disse o ex-zagueiro e hoje treinador, que no momento cuida de seus investimentos em Curitiba, enquanto não volta a comandar uma nova equipe.