Adversários pela semifinal da Libertadores, Grêmio e Flamengo contrataram exatamente o mesmo número de jogadores neste ano: oito. A diferença, contudo, está no valor investido por cada um dos clubes. Enquanto o Tricolor investiu cerca de R$ 10,2 milhões para reforçar seu elenco, a diretoria carioca gastou R$ 161 milhões. Ou seja, mais de R$ 150 milhões — e isso não quer dizer que os cariocas tenham se endividado para montar o plantel.
Depois de arrecadar mais de R$ 200 milhões com as vendas de Vinícius Júnior e Lucas Paquetá, para Real Madrid e Milan, em 2018, o Flamengo buscou atletas de peso nos rivais nacionais. Do Cruzeiro, veio o meia Arrascaeta; do Santos, o atacante Bruno Henrique; e do São Paulo, o zagueiro Rodrigo Caio. Somente estas negociações já custaram mais de R$ 100 milhões aos cofres rubro-negros. A cereja do bolo foi Gabigol, trazido por empréstimo junto à Inter de Milão, que aceitou liberá-lo sem custos desde que o clube aceitasse pagar 100% de seus salários, que ficam acima do R$ 1 milhão mensal.
Mas o Grêmio também cometeu a sua extravagância. No início do ano, repatriou o atacante Diego Tardelli. O jogador, que estava há cinco temporadas no futebol chinês, também desembarcou sem custos, mas com o maior salário do vestiário. O goleiro Julio César e o volante Rômulo também chegaram sem onerar o cofre gremista. Mais tarde, em março, ainda viria o lateral Galhardo, nos mesmos moldes. Os maiores gastos foram feitos com o centroavante Felipe Vizeu, emprestado pela Udinese por R$ 4,5 milhões, e Montoya, do Cruz Azul, por R$ 1,2 milhão — que já nem está mais em Porto Alegre, cedido ao Racing da Argentina.
Na janela de transferências de junho, os investimentos ficaram ainda mais discrepantes. Se os experientes Rafinha e Filipe Luís vieram apenas pelo valor de luvas, o Flamengo desembolsou mais de R$ 50 milhões pelo meia Gerson, da Roma, e R$ 6 milhões pelo zagueiro Pablo Marí, do Manchester City. Já o Tricolor acertou a contratação de Luciano, ex-Fluminense, pagando R$ 4,5 milhões ao Leganés-ESP. David Braz, por sua vez, acabou envolvido na troca que fez o atacante Marinho desembarcar na Vila Belmiro.
A maior diferença de todas, contudo, está no aproveitamento destes reforços. Enquanto os oito flamenguistas são titulares do técnico Jorge Jesus, nenhum dos gremistas ganhou a titularidade com Renato Portaluppi. Pesa em favor do Grêmio, claro, o fato de ter mantido na Arena a espinha dorsal que o levou a conquistar títulos recentemente, com Geromel, Kannemann, Maicon, Luan, Everton, etc.
Confira os valores das contratações feitas por Grêmio e Flamengo neste ano:
Grêmio
Felipe Vizeu (Udinese): R$ 4,5 milhões, por empréstimo
Montoya (Cruz Azul): R$ 1,2 milhão, por empréstimo
Julio César (Fluminense): custo zero
Diego Tardelli (Shandong Luneng): custo zero
Rômulo (Flamengo): custo zero
Rafael Galhardo (Vasco): custo zero
David Braz (Santos): troca pelo atacante Marinho
Luciano (Leganés): R$ 4,5 milhões
Total: R$ 10,2 milhões
Flamengo
Gabigol (Inter de Milão): custo zero
Arrascaeta (Cruzeiro): R$ 58 milhões
Bruno Henrique (Santos): R$ 22 milhões
Rodrigo Caio (São Paulo): R$ 22 milhões
Gerson (Roma): R$ 53 milhões
Rafinha (Bayern de Munique): custo zero
Filipe Luís (Atlético de Madrid): custo zero
Pablo Marí (Manchester City): R$ 6 milhões
Total: R$ 161 milhões