Depois de repetir "deu mole" mais de 30 vezes durante a coletiva após a derrota de 5 a 4 para o Fluminense, o técnico Renato Portaluppi voltou a falar sobre o assunto. Para o treinador, apesar do tropeço, seu time segue jogando o futebol mais vistoso do Brasil.
— Colocar para vocês que o dá mole é muito fácil de se corrigir. Minha equipe nunca deu esse mole todo. Pagamos pelos nosso erros, mas por outro lado fiz justamente esse gesto aqui (aplausos), porque demos uma aula de futebol no domingo. Mas demos mole, já corrigi, e o nosso futebol vai continuar o mesmo. Tem equipes que jogam bem, meu time joga o melhor futebol do Brasil há dois anos e meio — afirmou, antes de completar:
— O "deu mole" foi ter parado de correr, achar que o jogo estava ganho e deixar de fazer o que combinamos na preleção, que era sufocar o Fluminense com marcação espelhada. Sabíamos como o Fluminense joga. Fizemos o que combinamos e fizemos três gols. Mas, depois, deixamos de marcar, de correr, começamos a querer só a bola no pé, e isso é dar mole. Se meu time continua fazendo o que estava fazendo, não tenho dúvida que ia ser cinco ou seis. Mas no momento em que fizemos o terceiro, achamos que estava decidido, e isso é dar mole. Aí o adversário achou o primeiro gol, demos mole no segundo, no terceiro e assim foi.
O técnico também elogiou o jogo em si. Para ele, foi o melhor duelo do Brasileirão até o momento.
— Concordo que foi o melhor jogo do campeonato. Infelizmente para nós, perdemos. Mas não vou deixar de bater palma para o meu time que fez os 3 a 0. Depois deu mole, mas não vai dar mais. O Grêmio perdeu o jogo e deu uma aula de futebol. Pede na padaria para comprar dois quilos de futebol. Ninguém vende futebol. Se a gente voltar a competir durante os 90 minutos, o Brasil todo vai continuar elogiando o meu time — concluiu.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Renato
Ainda sobre Grêmio x Fluminense
"O que nós combinamos, fizemos. Eu defini a parte técnica. Você quer que eu entre em campo? Você quer que faça o quê? Tire todos os jogadores que pararam de correr? O jogador não pode parar de correr. Eles competem os 90 minutos, mas o futebol brasileiro é melhor, mais bonito. No momento em que o jogador brasileiro tiver a consciência de competir os 90 minutos, vai muito além do que já foi. Nunca vou fugir de uma responsabilidade minha. No momento que não faz mais, começa a trocar? Só posso fazer três substituições. Falei no intervalo, não pode uma equipe com 3 a 0 tomar a virada. Qual seria a responsabilidade do treinador? A tática foi feita".
Jogo contra a Universidad Católica
"Para essa partida, vamos voltar a fazer o que a gente fez. Não vou mudar muito. O Grêmio não joga para empatar. Vamos jogar para ganhar, como sempre fizemos. Em dois anos e meio, conquistamos seis títulos, respeitando os adversários, mas jogando para ganhar. Se eu tenho as peças, vou jogar sempre para ganhar. Jogando para ganhar, estou sempre mais perto da vitória. Perder, podemos perder, mas não vamos mais dar mole".
Recuperação
"É só tirar o 'dar mole'. O Grêmio foi campeão gaúcho invicto. Amanhã (quarta), depende de si próprio, na Arena, para passar para a próxima fase. Se parar de dar mole no Brasileiro, vamos nos recuperar. Confio no meu grupo. Não tem que ficar aqui lamentando. Se o Grêmio estivesse jogando mal, não estivesse criando, eu estaria preocupado. Mas olha a minha cara de preocupado. O Grêmio vai mostrar o mesmo futebol de sempre".
Ponta direita
"Não temos mais o Ramiro. Estou testando alguns jogadores por ali, e o jogador é que se escala. No momento em que você precisa improvisar ali atrás, você acaba tendo dificuldades. Temos que ficar improvisando o tempo todo um volante. O sistema defensivo peca por improvisar ali atrás. Não estou dando desculpa. Mas o entrosamento não é o mesmo. Talvez por isso tenhamos tomado os gols. Esse mole vai acabar amanhã".
Desgaste
"O Grêmio viaja muito. Várias competições. Aí entra aquele assunto que muita gente pergunta: vai mudar a equipe? Os jogadores são humanos, vocês são testemunhas disso. Vocês veem na Série B, Série A, Libertadores, Copa do Brasil. Já notaram quantos jogadores caem com cãibra? Então estamos todos mal fisicamente".
Papo com os jogadores
"A conversa que tenho com o grupo fica entre mim e eles. Se é dura, se é chamar a atenção, é cosia de cada uma. Passo o vídeo, mostro o que fizeram de certo, de errado. Acho que o fundamental é o que passei para vocês, que é parar de dar esse mole. É simples. O jogador mal toda hora, não criar, esse é o problema. O Grêmio deu esse mole e pagamos pelos nossos erros".
Confiança dos gremistas
"Sei que a torcida do Grêmio confia no Renato. Não era meu dia de dar entrevista, mas eu disse que ia passar essa confiança toda que passo para o meu grupo para o nosso torcedor. Mas volto a repetir, essa coisas são fáceis de serem resolvidas. Qualidade, o Grêmio tem. O torcedor pode ficar tranquilo que a gente vai voltar a jogar bem, não dar mole, e que a história do jogo sera totalmente diferente".