Depois de uma ótima largada no Gauchão, com 23 gols marcados em oito rodadas, a expectativa era enorme em torno da estreia do Grêmio pela Libertadores. No entanto, naquele que foi classificado como o "jogo mais duro do ano" pelo técnico Renato Portaluppi, a equipe ficou no 1 a 1 com o Rosario Central, na Argentina.
Agora, para não se atrapalhar no torneio continental, o Tricolor entra pressionado a vencer o Libertad na próxima terça-feira (12), na Arena, em Porto Alegre. Pela primeira rodada, jogando em casa, os paraguaios golearam o Universidad Católia por 4 a 1 e lideram o Grupo H.
Serão poucos dias para ajustar o que deu errado na apresentação no Gigante de Arroyito. O desperdício de gols, a desatenção na bola aérea defensiva e o sumiço de Luan merecem uma análise específica. Ao mesmo tempo, ganham aplausos a agressividade de Everton e as boas entradas dos garotos Matheus Henrique e Jean Pyerre, que não sentiram a pressão.
A seguir, GaúchaZH analisa, junto com Maurício Saraiva e Paulo Nunes, que comentaram a partida pela RBS TV, situações pontuais da estreia gremista.
Confira:
Por que o Grêmio desperdiçou tantos gols? A culpa foi de Felipe Vizeu?
Apesar do resultado, não se pode reclamar que o Grêmio tenha criado poucas oportunidades de gols. Somente Felipe Vizeu teve três boas chances de empurrar a bola para o fundo das redes.
Juca Kfouri:
— Não tenho dúvidas de que se o Tardelli estivesse em campo, o Grêmio tinha goleado o Rosario Central. Não considero que o Everton tenha perdido aquele gol na cara do goleiro. Foi o goleiro quem fez uma defesa extraordinária. Já o Vizeu, sim, perdeu gols que não pode perder.
Maurício Saraiva:
— Vizeu é o titular, apenas teve uma noite não. Inclusive, um dos gols que ele perdeu foi com o pé direito, que não é o seu preferencial. Mas, não é motivo para tirá-lo do time.
O que houve com Luan para ter atuação tão discreta na Argentina?
Recuperado da fascite plantar que o tirou dos confrontos decisivos contra o River Plate no ano passado, Luan voltou a ser protagonista durante o Gauchão. Contudo, teve atuação apagada na Argentina e acabou substituído no segundo tempo.
Juca Kfouri:
— Temo que o Luan venha a ser daqueles jogadores que pintaram como extraordinários, mas que a vida mundana acaba roubando do futebol. Não sei se ele não está fazendo a opção pela noite em troca de jogar o futebol dele.
Maurício Saraiva:
— Renato precisa chamá-lo para uma conversa de canto e perguntar: o que há, Luan? O Grêmio encantador passa por ele. Quando ele não funciona, o time fica sem referência. Luan e Everton foram marcados, a diferença é que Everton não se escondeu. Luan ficou cômodo na marcação. Se um médico disser que ele voltou a sentir a fascite plantar, aí se entende.
O Grêmio havia sofrido apenas um gol no Gauchão, mas saiu perdendo logo aos dois minutos de jogo. O que aconteceu?
Durante sua entrevista coletiva, Renato Portaluppi disse que havia alertado os jogadores sobre os minutos iniciais e, ainda assim, a equipe sofreu o gol.
Juca Kfouri:
— O gol foi em cima do Kannemann, que é um zagueiro acima de qualquer suspeita. Confesso que me surpreendi mais com a perda de cabeça do Grêmio, na cotovelada desferida no Zampedri. O gol acontece. Mas quando um time toma um gol no início de um jogo, fora de casa, e tem forças para reagir, merece ser elogiado. Não acho que tenha sido uma estreia preocupante. O primeiro tempo do Grêmio foi a melhor atuação entre todos os brasileiros.
Maurício Saraiva:
— Grêmio esteve abaixo de si mesmo, porém, para um jogo em que pontuou, o time não precisa de uma cirurgia, mas de pequenas correções. Não precisa trocar todo mundo, mas um primeiro volante tem que ter função. O Rômulo não protegeu os zagueiros e os laterais, e ainda sobrecarregou o Maicon.
Marinho manteve o nível do Gauchão ou caiu de produção?
Antes da estreia, existia a dúvida sobre quem iniciaria a partida: Montoya, ex-jogador do Rosario Central, ou Marinho? Pois Renato optou pelo segundo.
Juca Kfouri:
— Seria leviano eu dizer que prefiro o Montoya porque não o vi o suficiente. Mas acho que o Marinho foi bem.
Maurício Saraiva:
— Para quem estreava na Libertadores, ele não entendeu que este torneio se joga de pé. Esperava o contato e preferia o chão do que continuar a jogada.
No segundo tempo, Jean Pyerre e Matheus Henrique entraram no time. Eles têm vaga na equipe?
O jogo era pegado, com muita pressão. Mesmo assim, os garotos Jean Pyerre e Matheus Henrique entraram e não tremeram.
Juca Kfouri:
— São duas joias. É impressionante o que o Grêmio vem produzindo nas suas categorias de base. Falam que o Matheus Henrique é um novo Arthur, que me enche os olhos. Penso que Arthur será, daqui a cinco anos, igual ou próximo do que foi o Iniesta para o Barcelona. Então, imagina.
Maurício Saraiva:
— Pela personalidade que demonstrou, não seria um absurdo que Matheus Henrique aparecesse como titular no jogo em casa. Maicon pode ser recuado para ser primeiro volante e Matheus Henrique entrar como segundo homem do meio-campo.
Leonardo Gomes é o novo titular da lateral direita?
Lesionado em sua primeira partida do ano, Léo Moura ainda não voltou aos gramados. Tanto que o Grêmio está até trazendo de volta, do Vasco, o lateral Rafael Galhardo. Mas Léo Gomes não está dando conta do recado?
Juca Kfouri:
— Não é nenhum lateral dos sonhos, mas pode ser titular. Qual time tem brasileiro tem um lateral dos sonhos? Nenhum. Quando ouço que o Fagner é um grande lateral, me arrepio.
Maurício Saraiva:
— O gol do Rosario Central é em um jogada que o Leonardo Gomes chega atrasado na marcação. Mas os laterais vazaram mais do que das outras vezes, também porque não foram protegidos pelo primeiro volante.