Uma solução nascida em 2015 e que, desde então, segue atraente aos olhos do torcedor, poderá ser resgatada por Renato Portaluppi, desta vez em caráter de emergência. Sem Jael e André, lesionados, o técnico poderá reinventar Luan como falso 9 nos jogos contra o Tucumán-ARG, pelas quartas de final da Libertadores, e na sequência do Brasileirão.
Se forem computados somente os gols, é possível afirmar que, mesmo improvisado, Luan é o melhor centroavante do elenco. Dos seus 247 jogos pelo Grêmio, 70 foram como falso 9. Nesta posição, foram 18 gols, contra oito de Jael e quatro de André. É justo acrescentar, porém, que os dois últimos atuaram um número bem menor de vezes.
Em maio de 2015, ao ser demitido, Luiz Felipe Scolari usava basicamente Brian Rodriguez e Yuri Mamute como centroavantes. Ao assumir, Roger Machado enveredou pela mesma trilha, até lançar Luan nesta função dia 14 de junho, na vitória por 2 a 1 contra o Atlético-PR, na Arena. Pela primeira vez, o técnico apostava no modelo 4-2-3-1, com Maicon e Walace como armadores, Giuliano, Douglas e Pedro Rocha na criação e Luan como um atacante que flutuava a partir da intermediária, até entrar na área adversária. Nessa partida, Luan levou nota 7 na cotação de Zero Hora.
No novo desenho, fez seu primeiro gol dia 27 de junho, nos 2 a 1 contra o Avaí, na Ressacada. O atacante fechou 2015 com 25 jogos e cinco gols como falso nove. Na derrota por 3 a 2 para o Palmeiras, dia 19 de setembro, no Allianz Parque, marcou duas vezes.
— Como Douglas e Luan estavam muito bem, pensamos que o ideal seria colocar os dois juntos. Assim, eles passaram a se revezar na armação e se posicionavam como centroavante — conta James Freitas, auxiliar de Roger Machado, ao explicar como surgiu a opção por um atacante móvel, que fugia às características históricas do Grêmo.
Foi preciso ousar. Braian Rodriguez sofria contestações da torcida, o Grêmio se distanciava das primeiras posições da tabela de classificação, não havia perspectiva da chegada de reforços e a dupla Roger e James Freitas não podia desperdiçar a chance dada pela direção.
— Trocamos o pneu com o carro andando. Não havia tempo a perder. Douglas, com sua inteligência, foi decisivo para que o modelo funcionasse. E, claro, Luan, com seu raro talento — completa James.
A fórmula, claro, foi mantida para 2016 e Luan, nessa posição, marcou oito gols em 33 partidas. Renato, que chegaria em setembro, chegou a tentar uma nova solução, com Henrique Almeida de centroavante, mas logo percebeu que não era o melhor para o time. Com Luan na frente, chegou ao título da Copa do Brasil. Em 2017, a contratação de Lucas Barrios determinou a volta de Luan para sua posição original a partir da goleada de 4 a 1 contra o Guaraní-PAR, pela Libertadores, dia 27 de abril.
É certo que o mistério quanto ao centroavante persistirá até minutos antes do jogo contra o Tucumán. Nesta sexta-feira, Renato irá testar variações durante o treino de portões fechados do CT Luiz Carvalho. Caso Luan seja mesmo o escolhido, sua vaga como criador poderá ser ocupada por Jean Pyerre, de elogiada atuação no Gre-Nal. Ele concorre com Douglas, embora este, de acordo com o técnico, ainda careça de melhor condicionamento físico. Outra possibilidade é escalar Everton ou Alisson centralizados. Usado como atacante no começo da temporada, Cícero foi mal e dificilmente seria testado outra vez no setor.
Luan no Grêmio
247 jogos e 64 gols
Como falso nove
70 jogos e 18 gols
Outras possibilidades
Cícero - Foi utilizado na função no início do ano, com fraco desempenho
Everton - No início da carreira, atuava como atacante centralizado
Alisson - É, preferencialmente, atacante de lado, mas poderia ser improvisado
Pepê - Joga pela esquerda. Só atuaria se Renato optasse por um ataque de maior mobilidade, sem uma referência
Thonny Anderson - Quando utilizado na função, enfrentou problemas de adaptação