É mais ou menos este clima que o Grêmio vai encontrar na distante San Miguel de Tucumán, capital da província de Tucumán e que é a casa do adversário de terça, na Argentina. Os mais de 1,3 mil quilômetros que o separam dos holofotes da capital dão uma cara de Libertadores à moda antiga para o confronto pelas quartas de final entre o atual campeão da América e o modesto porém tradicional Atlético Tucumán, o "El Decano".
Vivendo o maior momento da sua longa história e prestes a completar 115 anos, assim como o tricolor gaúcho, os tucumanos classificam o jogo contra o Grêmio como o maior de todos os tempos para eles.
— Vamos descansar e nos concentrar para o maior jogo da história deste clube — resumiu Luis Miguel "Pulguita" Rodríguez, o jogador mais importante da história do clube do norte argentino.
Aliás, sobre o Pulguita, olho nele, Renato. O meia de 33 anos marcou três vezes na sexta-feira contra o Tigre pela Superliga argentina, alcançou o terceiro lugar na artilharia geral do clube — inclusive contando os tempos de amadorismo — e ajudou o Decano a assumir a liderança da Superliga naquele momento.
Luis Rodrígues é o principal destaque do time, que não conta com uma folha de pagamento pomposa, não ganha atenção dos principais veículos de comunicação e não tem jogadores galácticos.
Para fazer companhia a ele e trazer o time para este momento histórico (segunda participação na Libertadores e primeira vez nas quartas), o Tucumán conta com o igualmente ídolo Acosta, o jogador dos passes longos, uma característica do time de Ricardo Zielinski, o comandante técnico.
Se Acosta gosta de lançar, precisa ter para quem! Esse jogador normalmente é o ex-extrema Ricardo "Tito" Noir. Atacante revelado pelo Boca Junior, Noir mudou um pouco sua maneira de atuar jogando em Tucumán. Antes jogava mais na frente, como uma espécie de ataque pelo lado e pouco voltava para recompor.
Hoje, Noir retorna para ajudar o setor de meio-campo e parte dali para uma jogada ofensiva.
Lá na frente apenas um atacante efetivo, o grandalhão e forte fisicamente, Leandro Díaz, que não raramente é visto preparando a bola espichada por Acosta para que o próprio ou Luis Rodríguez possam aparecer para o arremate de fora da área, arma muito utilizada pelos tucumanos.
Na parte defensiva, o protetor da defesa é um conhecido dos gremistas, Juan "Pichi" Mercier. Um volante de 38 anos que chegou livre do San Lorenzo para ficar à frente dos centrais Cabral e Bianchi. Mercier era uma das lideranças do San Lorenzo campeão da Libertadores recentemente, inclusive eliminando o Grêmio naquela edição. No gol, o capitão de 40 anos Cristian Lucchetti, que coordena os movimentos defensivos sempre com voz muito ativa.
Por falar em voz ativa, é este um dos trunfos do time argentino: as vozes que vêm das arquibancadas! O estádio Monumental José Fierro, com capacidade para pouco mais de 30 mil torcedores, costuma ser um verdadeiro caldeirão que joga junto com o time da casa os 90 minutos. Se em Quilmes, Lanús ou Mendoza a participação do torcedor argentino pouco lembrou o fanatismo tradicional por aquelas bandas, em Tucumán a paixão pelo time local faz com o que o ambiente seja o mais quente possível.