Lincoln está de volta a Porto Alegre. Trabalhando em separado do grupo principal, aguarda uma definição para seu futuro no segundo semestre. Quer permanecer no Grêmio, mas ainda não teve sinalização por parte da direção sobre seu destino após uma temporada com título da Segunda Divisão turca pelo Rizespor, atuando em 18 jogos, conquistando 11 vitórias e marcando três gols (todos no mesmo jogo, diante do Gaziantepspor, partida na qual levou a bola para casa, como recordação). O meia de 19 anos recebeu a reportagem de GaúchaZH em seu apartamento na região central de Canoas para uma entrevista.
Como foi a temporada na Turquia?
O campeonato foi difícil, chegamos a cair para a quarta posição, mas nos recuperamos e no final conquistamos o título. Para mim, foi uma experiência muito boa. Achei que seria completamente diferente, consegui me adaptar rápido e aprender. Eles têm carinho e respeito pelo teu trabalho.
Que diferenças notou no futebol turco para o brasileiro?
Achei um estilo mais tático, mais organizado. Aprendi muitas coisas. Uma delas é a de não receber a bola de costas, o professor cobrou bastante para me movimentar e fugir.
Por que aceitou uma proposta da segunda divisão da Turquia?
Porque poderia ser uma coisa muito boa para mim, trazer uma evolução, ter sequência, jogar mais. Acho que fiz a escolha certa para retomar a confiança, aprender uma cultura diferente. Sabia que ia ser bom para mim, Renato apoiou a decisão, tenho certeza que foi bom. Volto diferente, tenho meu filho também, a gente aprende sempre no mundo da bola, dentro do campo e fora.
O quanto mudou sua vida a chegada do filho?
Agrega bastante. A gente pensa nele antes de tomar as atitudes, pensa nele e na esposa para as decisões. É muito gratificante sair para trabalhar e dar um abraço nele na volta.
Sabia que ia ser bom para mim, Renato apoiou a decisão, tenho certeza que foi bom. Volto diferente, tenho meu filho também, a gente aprende sempre no mundo da bola, dentro do campo e fora."
LINCOLN
Sobre decisão de ir para o futebol turco
Falando em Grêmio, quais são teus planos para o futuro?
Quero permanecer no Grêmio, temos muitos campeonatos para disputar. Todos me conhecem, os jogadores, o professor Renato. Eles sabem da minha qualidade e como posso ajudar o time.
Falou com a direção? Teve alguma sinalização de futuro?
Não falei. Não sinalizaram nada ainda. Mas estou trabalhando, tenho que dar meu máximo para ser aproveitado.
Alguma proposta de fora?
Não estou sabendo de nada ainda. Meu empresário comentou comigo algum desejo deles (o time turco Rizespor), mas não teve nada.
Tem mantido contato com os jogadores do Grêmio?
O grupo tem trabalhadores, que se comprometem com o clube. Sempre foi um ambiente muito bom, trabalhava para tirar o peso do tempo sem títulos. Até quem não tinha que "carregar o peso", que não era de Porto Alegre, pensava nisso e trabalhava para conquistar. Tenho falado com o pessoal após os jogos, eles têm me apoiado, sabem como é meu trabalho, acompanharam na Turquia.
Você subiu cedo demais para o profissional?
Eu tenho certeza que não. Joguei na seleção de base cedo, entrei no clube com oito para nove anos, a maioria das vezes jogando na categoria de cima. Fiz coletivo com profissional quando tinha 15 anos. Não queimei etapas no Grêmio. Quem me subiu foi um treinador campeão do mundo (Luiz Felipe Scolari). Isso desrespeita um pouco a mim, e desrespeita também o Felipão. O que talvez não fosse ideal era o momento, porque fazia um tempo que o Grêmio não era campeão. Quando subi era o momento de baixa. Mas agora conseguiu vencer e tudo vai melhorar.
Conseguiu acompanhar os títulos?
Via os jogos, mesmo sendo tarde. Assisti à final da Libertadores. E no Mundial, tentei ir para Abu Dhabi, mas não consegui visto para os Emirados Árabes.
Não queimei etapas no Grêmio. Quem me subiu foi um treinador campeão do mundo (Luiz Felipe Scolari). Isso desrespeita um pouco a mim, e desrespeita também o Felipão"
LINCOLN
Pensa em voltar para a Europa?
Fiquei 10 meses lá e gostei muito. Foi uma experiência muito boa para a carreira, acho que todos os jogadores desejam jogar na Europa. Se algum dia pintar, vou analisar se vai ser bom para mim ou para o Grêmio. Mas agora meu foco é aqui.
Você foi apontado pelo jornal The Guardian como uma das 50 maiores promessas nascidas em 1998. Ainda pensa em ser uma estrela?
Ainda penso. Quero trabalhar. Antes dessa lista, nem sabia que existia. Trabalho da mesma maneira de quando eu não sabia que existia. Isso é muito gratificante.
A Europa ajudou a segurar a onda?
Em nenhum momento tirei meu pé do chão. Nunca vai acontecer isso. Sou um cara tranquilo, tive altos e baixos e sempre vai ser assim. Os grandes jogadores, como Cristiano Ronaldo e Messi, nunca tiram o pé do chão. A cobrança vem porque as pessoas sabem que a gente pode dar algo a mais. Sei que posso dar algo a mais ao Grêmio e vou trabalhar para isso.