Por falta de duas peças, a máquina mais azeitada do futebol brasileiro passará por uma difícil prova pelos próximos 20 dias. Renato precisará garimpar no elenco do Grêmio, sem que o rendimento caia, jogadores capazes de suprir a ausência de Arthur e Everton, baixas forçadas por lesão muscular.
As duas lesões foram simultâneas e ocorreram aos 38 minutos do segundo tempo do Gre-Nal de sábado, na Arena. Abalado, Everton, que sentiu o músculo adutor da coxa direita, chorava ao deixar o gramado. A exemplo de Arthur, cujo problema localiza-se no músculo reto femoral da coxa direita, o atacante terá um tempo de parada de 15 a 20 dias. Os dois perderão três partidas do Brasileirão e uma das Libertadores. Se a recuperação não sofrer contratempos, poderão atuar contra o Bahia, dia 2 de junho, na Fonte Nova. Três rodadas depois, o Brasileirão irá parar por força da Copa do Mundo. Nesse perído, não apenas os dois, mas todo o grupo, realizará uma intertemporada que permitirá chegar em bom condicionamento ao final da temporada.
Jailson, Michel e Cícero candidatam-se ao posto de Arthur. Embora já tenham correspondido em outros momentos, nenhum deles se assemelha em característica ao titular, não por acaso uma joia que o Barcelona veio buscar na Arena. O caso de Everton pode ser ainda mais grave. As alternativas seriam o deslocamento de Alisson para a esquerda ou apostar em Thonny Anderson ou Maicosuel.
— Lesões musculares são normais em jogadores de alta performance. O tratamento para os dois é o mesmo, com anti-inflamatórios, relaxamente muscular e fisioterapia — informa o médico Paulo Rabaldo.
Nem um, nem outro estavam no chamado grupo de risco, aquele formado por jogadores com excesso de partida e sujeitos riscos de estiramento. Arthur e Everton haviam sido preservados por Renato na vitória por 3 a 1 contra o Goiás, pela Copa do Brasil, o que havia assegurado a cada um tempo de uma semana de recuperação depois dos 5 a 1 contra o Santos.
— Foi uma fatalidade, ainda mais se tratando de dois casos de uma só vez. Pode ter acontecido um movimento excessivo, ainda mais se tratando de um Gre-Nal — acredita o fisiologista do Grêmio José Leandro de Oliveira.
Integrante da equipe que realiza, 48 horas depois de cada jogo, o exame de CK, que apura o índice de concentração na enzima creatina quinase no sangue, responsável por rupturas das fibras musculares, Leandro garante que nenhum dos dois casos recomendava uma parada. Observa que a temporada toda tem sido marcada por poucas lesões musculares. Antes de Arthur e Everton, somente Léo Moura e Jael haviam parado para tratamento.
— Lesões ocorrem, tanto nos jogos quanto nos treinamentos. A profissão oferece esses riscos. Dois problemas de uma única vez foi uma coincidência — completa o fisiologista.
Do ponto de vista técnico, a parada dos dois jogadores é altamente prejudicial ao time. Juntos, Everton e Arthur são responsáveis por 12 dos 51 gols marcados pelo Grêmio até o momento nesta temporada. Na melhor fase da carreira, Everton deixou para trás a sombra de Fernandinho e já marcou oito vezes. Arthur, negociado com o Barcelona, aprendeu a pisar ou aproximar-se da área e tem quatro gols. A partir de domingo, contra o Paraná, a torcida saberá se Renato conseguirá tirar um novo coelho da cartola para fazer a máquina seguir operando em alto nível.
Sem Arthur e Everton
20/5
Paraná x Grêmio
23/5
Grêmio x Defensor-URU
27/5
Ceará x Grêmio
30/5
Grêmio x Fluminense