Foi a forma como meu pai falava sobre ele que me fez entender quem foi Fábio Koff. Não era como ele próprio falava do pai ou de qualquer outro ídolo, nem mesmo alguém mais velho. Falava de Fábio Koff com um respeito e uma admiração que poucas vezes vi fazê-lo. Era tom quase solene. Não raras eram as pausas ao narrar um dos feitos do "melhor presidente da história do Grêmio". Aquilo me impressionava. Eram cinco, nove anos, que não me deixavam entender tamanha reverência.
Claro que ainda não faziam muito sentido os títulos de "o homem que descobriu Renato" e "o presidente do Mundial". Mas Seu Baldasso lembrava de ambos, em meio a tantos outros, em cada discussão que Koff o fez ganhar contra arrasados rivais. Eram feito cartas imbatíveis que, como trunfo, jogava à mesa pra encerrar todo debate.
Naquela criança, o que mais chamava a atenção era uma voz única. Muito mais do que rouca. Era a voz de Koff. Sempre que pegava um microfone, tinha a audiência garantida do garoto que queria compreender aquela diferença. E tamanha força que demonstrava.
A coragem que meu pai tanto vibrava ao se referir a Koff foi flagrante quando chegou a minha vez de percebê-la. Mesmo sem viver, nasci campeão do mundo. Mesmo distante em idade, vou morrer campeão do mundo. E tudo graças ao homem daquela voz, e sua ousadia em fazer um clube do extremo do mapa pintá-lo interinho de azul.
Hoje, Koff senta ao lado de Seu Baldasso e tantos gremistas que o esperam para um abraço carregado de carinho. Os que ficam sustentam saudade com a mesma admiração.
O adulto que hoje ensaia a mesma reverência para contar aos seus filhos por um presidente que finalmente entendeu. Nem voz, nem coragem. Único foi Dr. Fábio Koff.
Obrigado, presidente.