Tenho sentimentos estranhos pelo estadual. Já bati muita boca em rede social e mesas de bar pedindo que os times grandes abandonassem esse tipo de torneio. É um pensamento um tanto elitista, eu sei, e hoje procuro ter mais moderação. Ainda assim, vejo o Gauchão como uma máquina de lesionar atletas e, em caso de derrota para os menores, criar crise onde não existe. Foi assim ano passado, quando Renato chegou a ser contestado após poupar na Libertadores e ser eliminado pelo Novo Hamburgo após dois empates.
Por outro lado, vejo no confronto contra as equipes do interior um bom laboratório para atletas mais jovens, como os que o Grêmio mandou a campo na noite desta quarta-feira (17), em Ijuí, contra o São Luiz. Mesmo em um gramado varzeano e sem arquibancadas atrás do gol (que crime colocar duas equipes profissionais para jogar em uma cancha sem espaço para torcedores atrás das goleiras), sentei-me atento para observar os primeiros passos da gurizadinha gremista, que encerrou 2017 tão em alta.
Estava ansioso para observar nomes como o camisa 10 Lima, voltando do empréstimo do Ceará no ano passado, o atacante Pepê e o volante uruguaio Rodrigo Ancheta, neto do lendário defensor gremista nos anos 1970. Os três, aliás, aprovados na estreia, com destaque para Lima, jogador veloz, de dribles rápidos e boa visão de jogo.
A grande atuação da noite, porém, ficou por conta de Matheus Henrique, autor do gol gremista. Ainda que a fragilidade do adversário conte muito no campeonato engana-bobo, tornam-se inevitáveis as comparações entre Matheus e Arthur, principal revelação tricolor nos últimos anos. Atletas de grande movimentação, posicionamento e uma condução de bola refinada.
No final, o gol de empate marcado pelo São Luiz pouco importou. A gurizada do Grêmio está mais uma vez de parabéns. O futuro será vitorioso.