Os primeiros dias do Grêmio nos Emirados Árabes serão dedicados à recuperação dos jogadores pelo desgaste da viagem de 32 horas desde Porto Alegre. A adaptação ao fuso, que está seis horas à frente do Brasil, será o primeiro passo. Além disso, a comissão técnica terá de adotar cuidados extras para evitar lesões.
Há seis anos como preparador físico do Al Ahli, de Dubai, um dos principais clubes dos Emirados, o gaúcho Leandro Aiub explica que, para se adaptar ao fuso local, o tempo necessário é de ao menos três dias.
— Dificilmente você vai conseguir dormir na primeira noite. Mas o efeito mais complicado nem é o fuso, mas sim a alimentação, que é inapropriada durante o voo. E também o tempo sem atividade, não só no avião, mas de espera no aeroporto durante as conexões — diz Aiub.
Para minimizar os problemas com alimentação, o clube já enviou, com antecedência, a nutricionista Katiuce Borges, que tem o apoio do cozinheiro da Seleção Brasileira, Jaime Maciel, para reforçar o cardápio para o grupo no hotel Rotana, concentração gremista em Al Ain, palco da disputa da semifinal do Mundial.
Na manhã de hoje, o primeiro treino do Grêmio nos Emirados, no CT do Al Ain, será regenerativo. Na atividade comandada pelo preparador Rogério Dias, o foco será físico. Mesmo que tenha feito um treinamento no CT Luiz Carvalho na manhã de quarta-feira, antes do embarque, o grupo ficou dois dias sem trabalhar. Assim, a prioridade agora é "soltar" a musculatura dos atletas.
— O mais indicado para o primeiro dia é um treino de mobilidade articular, dando ênfase à coluna. É importante também fazer a ativação da musculatura abdominal e do core, que é o conjunto de músculos que estabiliza a coluna. E, claro, uma leve atividade aeróbica para preparar o atleta para o segundo dia, em que terá condições de realizar uma carga maior de exercícios — completa Aiub.
Acostumado a longas viagens, o preparador físico Michel Huff, que trabalha no FC Tosno, da Rússia, fala da importância de o Grêmio ter viabilizado a viagem com assentos executivos desde São Paulo até Dubai. Assim, os atletas tiveram a chance de recuperar parte do sono atrasado já no avião. Além disso, as meias de compressão utilizadas pelos atletas na viagem ajudam na circulação sanguínea.
— O ideal para os jogadores seria fazer curtas caminhadas dentro do avião para minimizar os efeitos do voo de longa duração — comenta Huff, que completa: — O primeiro treino depois da viagem tem de exigir o mínimo possível do sistema nervoso central, pois o déficit de atenção aumenta bastante.
Um alerta feito pelo médico Fábio Krebs, que já trabalhou no Grêmio e também nas categorias de base da CBF, é quanto à baixa umidade do ar nos Emirados. Em Porto Alegre, por exemplo, a média é de 70% de umidade. Já em Al Ain este número cai para 20%. Além da hidratação reforçada, o médico recomenda o uso de protetor solar para evitar queimaduras no sol, que é mais intenso.
— Isso é algo que precisa ser bem trabalhado pela comissão técnica. Não só com alimentação adequada, mas também com muita hidratação para compensar a menor umidade neste clima mais seco — explica Krebs, hoje coordenador médico do Vôlei Canoas.