Se até os primeiros minutos de jogo o clima na Avenida Goethe era mais de tensão do que de comemoração, os gols de Fernandinho e Luan, ainda no primeiro tempo, fizeram com que o mais tradicional ponte de comemoração da torcida do Grêmio em Porto Alegre fosse transformado em uma filial da Arena no bairro Moinhos de Vento.
A partir do fim da primeira etapa, quem antes roía as unhas e arrancava cabelos com medo de um possível crime do Lanús passou a comemorar.
De cima da passarela que atravessa a avenida, uma bela fotografia: de ambos os lados, um oceano de camisetas tricolores inundava a Goethe. Ladeando a avenida, torcedor gremistas formavam o que parecia duas arquibancadas – com direto a cantos de torcida organizada, bandeirões tremulando e muita, mas muita gente. Os milhares de gremistas que tomaram conta da Goethe pareciam a enorme torcida em sua totalidade, de tão forte era o ruído e tão significativa era a quantidade de azul preto e branco no cenário.
Quando o time de Renato Portaluppi entrou em campo, o que se viu foi uma recepção digna de estádio. A bem da verdade, uma recepção ainda mais impressionante do que a que se vê nas arenas atualmente: sinalizadores e fogos de artificio davam um clima de embate digno de uma final entre Brasil e Argentina.
O gol de Fernandinho fez a Goethe explodir. O 2 a 0 agregado fez com que muitos gremistas deixassem de prestar atenção nos dois telões instalados na avenida se dedicassem mais à festa. Vendedores de faixas e vigilantes com isopores passaram a rechear os bolsos. Um incauto vendedor de bebidas que circulava por ali admitiu que seus drinques de morango, vermelhos, haviam encalhado. Os azuis, em compensação, eram um sucesso, apesar do sabor não identificado.
Com o gol de Luan, a festa começou de vez. No intervalo, o que mais se via eram amigos se encontrando e comemorando com abraços. Quem não encontrava amigos, abraçava qualquer um. Nem o gol do Lanús esfriou a festa – se ouve silêncio, ele não durou mais de um minuto. A resposta da torcida foi ainda mais de apoio, como se Grohe, Geromel, Arthur e Ramiro pudessem ouvir os gritos.
No final, a explosão. Quando o árbitro apitou, o que antes era a festa, virou o caos. Além dos cantos tradicionais da Geral, o que mais se ouvia era o grito de: "o campeão voltou". Difícil é dizer quando Porto Alegre vai conseguir dormir de novo. Se depender da torcida gremista, não será tão cedo.