Há um trunfo valioso para o Grêmio nesta enredada relação com Luan. Um trunfo que pode fazer com que ele e seu staff repensem a inflexibilidade que têm mostrado diante das ofertas do clube, de renovação ou saída para o futebol europeu. Creio que a direção precise colocar na mesa para o jogador o risco que ele corre de perder a Copa de 2018.
Caso se mantenha esse impasse, o futuro de Luan ao final da temporada dificilmente fugirá de rotina longe do grupo principal, em treinos com horários alternativos, e fora da equipe até setembro, quando se encerrará seu vínculo. Isso representará a perda de ritmo e de lugar na Seleção de Tite, que depois de muito esperar – e brilhar – ele conseguiu ocupar e hoje disputa rodada a rodada com Lucas Lima.
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Essa, na minha opinião, é a cartada decisiva que o Grêmio tem nesta discussão que envolve 24 milhões de euros e o futuro financeiro imediato do clube. Não podemos nunca deixar de registrar que esse imbróglio com Luan foi criado pela própria direção. Faltou habilidade na condução do processo. O Grêmio poderia ter resolvido isso logo depois da Olimpíada.
Sabia-se que a janela deste ano seria a da venda de Luan. Portanto, depois da conquista do ouro, era a hora de ceder um pouco mais, renovar e garantir um lastro maior para negociá-lo agora. Mas aconteceu o contrário. O clube endureceu as conversações, criou animosidade com o agente do jogador e deixou que a situação enveredasse para o atual cenário.
A negociação com o Spartak Moscou chegou aos valores do Grêmio, mas esbarrou na resistência do jogador e de seu agente. A oferta da Sampdoria, por sua vez, ficou abaixo. O tempo corre a favor de Luan. Em março, ele poderá assinar pré-contrato. Em setembro, sai livre para escolher seu futuro. Mas esse passaporte pode custar-lhe a Copa do Mundo. E esse é o grande, único, trunfo do Grêmio.