A discussão envolvendo Arthur e a ponta de resistência de Renato em efetivá-lo como titular me remete a 1982, quando eu recém começava a acompanhar o futebol e o todo o noticiário que o cercava. Me lembro da discussão que ocupava os espaços nas rádios e nos jornais e tinha como centro Renato. Na época, no vigor de seus 19 anos, tinha sua escalação pedida pela torcida e pela imprensa. Um clamor que esbarrava na firmeza da mão de Ênio Andrade, um dos maiores técnicos que o Brasil já teve.
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Ênio sustentava que era preciso conter o ímpeto e o temperamento do ponteiro-direito que levava a torcida mais cedo ao Olímpico em dias de jogos, para vê-lo zunir na preliminar. O titular de Ênio era Tarciso, em um tima em que havia ainda Paulo Isidoro e Vílson Tadei a municiar Baltazar, o "Artilheiro de Deus".
Renato só foi ganhar mais espaço como titular com Carlos Castilho, no final daquele 1982, na disputa do Gauchão – naquela época, os regionais perambulavam pelo calendário. Vendo a dicussão agora em torno de Arthur, me parece que Renato está com a mesma mão firme de Ênio Andrade. Primeiro, Arthur não poderia ser volante. Depois, que tinha de jogar na meia. Agora, que o guri precisa dosar a energia. Me parece restrição demais com um jogador que vem correspondendo e mostrando ser acima da média. É melhor do que os demais disponíveis neste Grêmio. Veja bem, não estou comparando o futebol de Renato em sua época de guri com o de Arthur.
Se Renato tiver tempo e, numa sessão de nostalgia, puder recuar 35 anos no tempo, verá que ele está fazendo com Arthur o mesmo que sofreu na carne com Ênio Andrade. O tempo mostrou, logo depois, que a implicância de um dos maiores técnicos do futebol brasileiro com ele era sem razão.