Não advogo pela demissão de Renato. Defendo que ele seja cobrado pelo fiasco de cair nas semifinais do Gauchão e pelo desempenho irregular do time na temporada. Se deixar o técnico solto, senhor absoluto do clube, a chance de fracasso é grande. Espero que Romildo Bolzan tome as providências necessárias.
Entre desfalques e reforços, o Grêmio de 2017 piorou na comparação com o time pentacampeão da Copa do Brasil. Renato teve pré-temporada cheia e poupou titulares quando achou necessário, inclusive na Libertadores. Houve teve tempo razoável para treinar. Mas o time estagnou, não encontra alternativas.
Na prática, vimos em sequência três jogos e meio bons. Batemos Juventude, duas vezes o VEC e tivemos 45 minutos de gala contra o Iquique. O Anilado trouxe um triste choque de realidade. Nas semifinais do Gauchão, foi constrangedora nossa obviedade na criação.
É folclore colocar a eliminação na conta do "soninho" ou do "deu mole". O Grêmio não conseguiu vencer os semifinalistas do Estadual. Perdeu para o Caxias e empatou com Inter e Noia (três vezes). Chegou em quarto na primeira fase do Gauchão e lidera um grupo fraco na Libertadores. É pouco.
A bola aérea defensiva voltou a ser problema no Grêmio, enquanto no ataque ela é nula. Fizemos 21 jogos na temporada e tenho dificuldade de lembrar algum golzinho de cabeça. Recordo de um de Lucas Rex, na Primeira Liga, e de um contra do Ypiranga na estreia do Gauchão. Fruto da repetição, a bola parada deficiente denota falta de treino ou metodologia equivocada.
Diante de tal cenário, vejo o risco de repeteco do que ocorreu com Renato entre 2010 e 2011. Há sete anos, nosso ídolo pegou o Imortal na zona de rebaixamento e o colocou na Libertadores. Na temporada seguinte, com tempo para treinar, o time ficou óbvio e burocrático, adepto do futebol tico-tico. Perdemos o Gauchão, caímos nas oitavas da Liberta e patinamos no Brasileirão.
Em 2011, Renato pediu o boné em junho. Saiu com fama de motivador eficiente, bom para tiro curto. Com o penta da Copa do Brasil, no qual o treinador foi decisivo, e a performance fraca do início de 2017, o comentário reaparece com força.
Cabe a Renato mostrar que não é bem assim. Ele só conseguirá evitar um novo tombo calçando a sandália da humildade, trabalhando muito e falando pouco, admitindo e corrigindo erros. Até o momento, ele colocou os fracassos no colo alheio, escudo preferencial do medíocre.
Tempo para trabalhar nosso comandante terá. Pegamos quinta-feira o Guaraní e, na outra quarta, visitamos o Iquique. Depois, serão 11 dias até a estreia no Brasileirão. Se o Grêmio continuar instável, as frases de efeito nas coletivas e nosso idolatria não serão suficientes para salvar Renato.