Novo camisa 10 do Grêmio na Libertadores, Gastón Nicolás Fernández é La Gata. Apelido que carrega desde a infância, o jogador sempre foi tratado como uma promessa pelos argentinos desde suas primeiras partidas, no River Plate, há quase 14 anos. Na segunda-feira, será apresentado pelo Tricolor, o nono clube de sua carreira. Zero Hora conta sete histórias do reforço trazido pela direção para substituir Douglas.
1 – O apelido
Na Argentina, todos os Gastón acabam virando Gato. É praticamente um diminutivo. Como Licha para Lisandro e Lucho para Luis. Mas e por que Gata?
Pois saiba que o tema não interessa só aos gremistas. Há até um YahooRespostas (seção do site destinada a perguntas em geral) para isso. Deixemos que o próprio Gastón Fernández dê sua versão da história:
– Por que me chamam de Gata? Olha, não sei bem. Mas é pelo nome, Gastón, e também pelos meus olhos (azuis), que se destacam, acredito. Agora, por que tem que ser Gata e não Gato, a verdade é que não sei. Não lembro nem que inventou isso – disse o jogador do Grêmio ao repórter Diego Espinoza, do jornal Publimetro, do Chile.
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2 – O começo
Gastón Fernández passou por todas as categorias de base do River Plate, desde os 13 anos. Recebeu as primeiras chances no profissional na temporada 2002/03. Convenhamos, aquele time era uma máquina: Costanzo no gol, Demichelis na zaga, Astrada, Coudet e Lucho González no meio, Cavenaghi na frente. Tudo sob comando de Manuel Pellegrini. A estrela, porém, era outra: Andrés Nicolás D'Alessandro.
Já neste primeiro ano como profissional, Gata foi campeão do Clausura.
Porém, mesmo com o sucesso, viu o River Plate aceitar uma proposta de empréstimo do Racing. Lá, formou um tridente ofensivo com Lisandro López e Mariano González. O bom desempenho o fez voltar ao River Plate para brilhar no superclássico de 2004, marcando até gol.
3 – Idas e vindas
Com excesso de atacantes, o River Plate aceitou uma proposta do Monterrey-MEX para emprestar o jogador. A aventura na América do Norte foi só de uma temporada, e a volta ao país natal foi para o San Lorenzo. Lá, foi o astro e mostrou a faceta de goleador. Foi campeão e vice-artilheiro do Clausura de 2007, com nove gols.
Fernández voltou à América do Norte para jogar no Tigres, em uma negociação de US$ 3,3 milhões. Depois de uma curta passagem, foi emprestado ao Estudiantes (e este assunto será abordado no próximo tópico). Regressou ao Tigres, que não era ainda a potência de hoje. Cansado de lutar contra o rebaixamento e com saudade de casa, toma uma decisão perigosa: pediu para viajar à Argentina para "resolver problemas pessoais". Em Buenos Aires, avisou que não voltaria mais. O Tigres entrou na justiça e o caso precisou de intervenção do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), da Suíça. Com a condição de pagar US$ 600 mil de multa e manter o camisa 10 quatro meses afastado do futebol, o time argentino conseguiu a liberação do meia. Que ainda teve uma passagem pelo Portland Timbers-EUA antes de ir para a Universidad de Chile e, agora, para o Grêmio.
4 – Libertadores
No Estudiantes, Gata Fernández viveu o auge da carreira. Em 2008, esteve em Porto Alegre pela primeira vez em uma partida decisiva. Em 3 de dezembro, era o camisa 10 de um Estudiantes que precisava reverter o 1 a 0 sofrido na ida na final da Copa Sul-Americana contra o Inter de D'Alessandro e Tite. Esteve em campo por 69 minutos, participou das jogadas ofensivas e deu lugar ao centroavante Calderón.
No ano seguinte, sob comando de Alejandro Sabella, Gata foi decisivo na final da Libertadores. O Cruzeiro vencia por 1 a 0 no Mineirão quando Verón abriu para a lateral direita, de onde veio o cruzamento para a pequena área. A defesa não cortou e Gata, livre, só empurrou para a rede. Alguns minutos depois, Boselli deu o título.
Em 2010, fechou seu ciclo de troféus com o Estudiantes. Em uma corrida ponto a ponto com o Vélez, foi protagonista do título do Clausura de 2010.
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5 – Doping
Outro drama vivido por Gastón Fernández foi no ano passado. Quando se preparava para assinar com a Universidad de Chile, a imprensa apresentou uma bomba: Gata havia sido flagrado no exame antidoping no clássico entre Estudiantes e Gimnasia. A substância era dexametasona, um corticoide sintético cujas ações se assemelham à dos esteroides anabolizantes.
Ao ficar sabendo da notícia, correu para os médicos do Estudiantes. E recebeu uma defesa sumária.
"Gastón recebeu uma infiltração diretamente no tornozelo que foi apresentada e explicada. Está tudo na regra – alertou o médico do Estudiantes, Alfredo Moreno.
A justiça argentina considerou o doping válido, mas não suspendeu o jogador.
6 – Universidad de Chile
O fim da passagem de Gata Fernández no Estudiantes teve lágrimas. Ao rejeitar uma proposta do River Plate e aceitar ir para a Universidad de Chile, o jogador declarou:
– O coração fala mais alto, e eu não poderia jogar na Argentina em um time diferente do Estudiantes.
Pois os chilenos que muito o esperavam para uma nova geração de força do país acabaram decepcionados. Depois de estrear jogando bom futebol e fazendo gols em amistosos, acabou se desentendendo com comissão técnica e direção. Depois de pedir ao treinador Victor Castañeda para ser um terceiro atacante e ter sido atendido, não conseguiu repetir os bons desempenhos que marcaram sua carreira. Acabou sendo criticado publicamente. E, mais uma vez, teve uma saída conturbada, que chegou a ser celebrada pelos torcedores, segundo o jornalista Cristian Alvarado, da Rádio Bio Bio, do Chile.
7 – Grêmio
O acerto com o Grêmio custou cerca de R$ 1,7 milhões, que serão pagos em três parcelas. Desde sua chegada em Porto Alegre, mantém discrição absoluta, como parte do acordo entre clube e seu empresário, Sergio Baisi.
– Primeiro ele tem que jogar, depois começamos a aparecer – comentou Baisi.
Até agora, sua incursão pelas ruas da Capital foi atrás de uma residência, onde abrigará também sua família. O bairro ainda não foi decidido.
O que ocorrerá, mais cedo ou mais tarde, é o reencontro com seu amigo de fim de adolescência. D'Alessandro deverá convidar o camisa 10 rival para um churrasco. Possivelmente, o mesmo em que estará Lucas Barrios, como combinado depois do Gre-Nal.
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