Roger Machado pediu o boné e a direção aceitou. Foi a consequência de uma derrota decepcionante para a Ponte Preta, o reflexo de uma afinada no Brasileirão. Roger caiu porque o rendimento do time despencou. Em 2016, a continuidade do trabalho não rendeu os frutos esperados. Pelo contrário. O desempenho piorou.
Sensação ao chegar em meados de 2015 substituindo Felipão, no início do Brasileirão, Roger surpreendeu ao classificar para a Libertadores uma equipe desacreditada e limitada. Não se falava em qualidade de elenco. O lateral multicampeão cerrou os dentes e trabalhou. Só que o excelente resultado serviu de escudo permanente.
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A queda de rendimento começou em outubro do ano passado. Terminamos o Brasileirão na banguela, jogando mal fora de casa. Imaginei que o cansaço havia pesado e que viria uma postura vencedora em 2016, a exemplo de Mano Menezes na virada de 2006 para 2007. Tive um engano doloroso.
Fracassou o Grêmio com Roger badalado, trabalho mantido e reforços no elenco. A equipe não chegou à final do Gauchão. Foi eliminada pelo Juventude, um time de terceira divisão. Roger viu Argel levar o Estadual e ficou pelo caminho na Primeira Liga. Na Libertadores, levou um totó do Rosario Central. Fez um belo primeiro turno de Brasileirão e afinou no segundo.
Em setembro de 2016, Roger tinha virtudes e defeitos. Havia um conceito definido de futebol, organizado, com mecânica encaixada, espaço para os jovens e apreço dos jogadores. Por outro lado, o técnico não encontrava alternativas táticas, tinha dificuldades nas substituições e apostava em bruxos, vide Marcelo Oliveira. Ainda fracassou na missão de estancar a sangria pelo alto. Desde o amistoso com o Danubio a bola aérea é um drama. No ataque, a bola parada não servia para nada.
Roger também derrapou nas contratações. Indicou William Schuster, Fred e Negueba. Sofreu com a saída de Giuliano sem reposição. Adepto de frases modernas e educado nas entrevistas, o técnico recebeu a mesma simpatia concedida a Paulo Autuori na década passada. Caiu repetindo o treinador, que montou um Grêmio imbatível em casa e modorrento fora.
Roger deixa o Grêmio com uma vaga na Libertadores de saldo. Era um time desacreditado que chegou ao G-4. Renato fez o mesmo duas vezes, Caio Jr levou o Paraná à Libertadores, Wagner Mancini classificou o Furacão. Os feitos não transformaram ninguém em Guardiola. Creio que Roger foi supervalorizado. É um treinador promissor. Só. E recebeu tratamento de técnico com títulos no currículo.
A saída também é uma resposta do presidente Romildo Bolzan à torcida. Ele pretende se reeleger e, sem títulos em dois anos e saudando apenas superávit, não conseguirá. Diante do turbilhão, terá de mostrar aos gremistas que tem pulso e entende de futebol. Seu trabalho também está no divã.
Romildo tem pouco tempo para escolher o substituto de Roger. Confesso que Renato é um nome que não me anima. O mercado oferta poucas opções. Vamos aguardar os próximos capítulos. O Grêmio reage ou terá um fim de ano melancólico.
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