Giuliano fazia um bom Brasileirão. Mas desistiu de entrar na área e resolveu ficar trocando passes curtos com Galhardo, Marcelo Oliveira, Douglas e Luan. Nos últimos oito jogos, incluindo um Gre-Nal de coadjuvante, virou um tico-tico, um trombador. Galopa para se transformar no Kleber Gladiador do meio-campo. Giuliano muda ou terá seu prestígio com a torcida corroído.
Assim como Kleber, Giuliano forrou os bolsos e congelou parte do seu futebol no Leste Europeu. Voltou encorpado, ganhou músculos para enfrentar o contato físico. Gladiador, esforçado e tal e coisa, Kleber se notabilizou no Grêmio como um atacante que não gostava de fazer gols, que preferia jogar de costas, trombando e tocando para trás ou para o lado. A objetividade passou ao largo.
Pois Giuliano segue o mesmo caminho. Fundamental na arrancada do time de Roger Machado, quando aparecia de surpresa na área para concluir, o rapaz adotou a postura caranguejo do Grêmio. Usa o corpo para trombar, proteger a bola, fazer uma tabelinha curta e depois tocar de lado. Promove um desperdício de energia ímpar para não sair do lugar. Fortinho, brigador, lembra a falta de objetividade de Kleber.
Da forma como vem atuando, Giuliano se configura em desperdício de dinheiro e de talento. É caro e não entrega. Pior, cai vertiginosamente de produção na reta final da temporada, no momento de definição. A última vez que Giuliano decidiu um jogo foi na distante rodada 28 (em 26 de setembro), no 3 a 1 sobre o Avaí, quando deixou dois – entrando na área para marcar. Desde então, só bolas de lado.
Vejam que tivemos oito jogos (Cruzeiro, Santos, Chape, Vasco, Fla, Sport, Flu e Gre-Nal) e um dos principais nomes do elenco não produziu nada de relevante. Sua postura discreta colabora para queda de produção do time. E creio que Roger Machado está satisfeito, já que depois da derrota no clássico falou que o Grêmio preserva sua “identidade”. Pelo visto, uma identidade sem tesão pelo gol, de infindáveis toques de lado.
Um meia decisivo é requisito básico para um time campeão, vide as últimas edições do Brasileirão. Segundo o Footstats, Jadson tem 13 gols e 12 assistências com seu Corinthians. Craque do bicampeão Cruzeiro, Éverton Ribeiro anotou seis gols e 11 assistências em 2014, e sete gols e 11 assistências em 2013. Ainda se pode lembrar de Conca, craque do Brasileirão de 2010, vencido pelo seu Fluminense.
Os meias campeões tiveram números vigorosos. Até a rodada 28, Giuliano tinha seis gols e sete assistências, desempenho que o colocava entre os melhores do Brasileirão. Só que nosso bem remunerado meio-campista estagnou nos oito jogos seguintes.
Para 2016, será muito útil o Giuliano que entra na área, que finaliza de fora, que chama a responsabilidade. Acredito que esse cara ainda exista. Já o Giuliano tico-tico, do toque de lado, que imita Kleber Gladiador, será dinheiro jogado fora.
*ZHESPORTES