Vocês lembram quando o Grêmio anunciou Victor e Réver, ambos do Paulista de Jundiaí, como reforços para 2008? Pois é, nem eu. Para falar a verdade, lembro vagamente. Folheava o jornal na praia e lembro de uma nota sobre a sondagem aos dois defensores. Se não jogassem nada, pensei, poderiam formar uma boa dupla sertaneja: Victor & Réver. Mas eram nota de rodapé. O destaque no noticiário era outro: o Grêmio trazia o meia Julio dos Santos.
Em uma daquelas páginas que o jornalismo esportivo deveria ter guardado para dobrar, salgar e engolir uns meses depois, o paraguaio Julio dos Santos foi chamado de "Riquelme guarani". Dos Santos seguia o roteiro clássico de um reforço gringo no Grêmio: teve algum destaque no time de origem (no caso, o Cerro), foi vendido ainda verde a um grande europeu (o Bayern), se machucou e peregrinou em clubes cada vez menores (Wolfsburg e Almería) até o desembarque no Salgado Filho.
Dois anos depois, Victor e Réver estavam na Seleção Brasileira. Julio dos Santos saiu sem marcar gols e foi emprestado ao Atlético-PR antes de voltar ao Cerro. Hoje, engana vascaínos.
Onde quero chegar? Que está na hora de o Grêmio voltar a garimpar jogadores com potencial Brasil afora e parar de tratar gringos de nomes compostos como a salvação da lavoura. Cristian Rodríguez, Maxi Rodríguez, Matías Rodríguez, Maxi López, Julio dos Santos, Richard Morales, Braian Rodríguez, Ezequiel Miralles, Damián Escudero, Facundo Bertoglio, Alán Ruiz, Cristian Riveros... O nome sempre é ótimo, mas já não cansou?
Nesta semana mesmo, a história se repetia: a notícia em ZH era que o Grêmio sonda o argentino Gustavo Lorenzetti, da La U. Uma ligação ao jornal El Mercurio bastou para saber que o rapaz não é grande coisa (inclusive literalmente: tem 1m63cm). No rodapé da página, a chegada de Vitinho: 24 anos, 1m82cm, 11 gols no catarinense pelo glorioso Guarani de Palhoça e cheio de amor pra dar. Sua especialidade, dizem, é escolher uma trave e dar bagos de fora da área. Ótimo, bom começo. Que busquemos menos Lorenzettis e mais Vitinhos.
Só que contratar brasileiros dá trabalho. Garimpar Victors e Révers pelo Brasil exige menos tempo vendo DVDs maldosamente oferecidos por empresários e mais tempo ralando fundilhos no concreto dos estádios. Será que a Caldense, que tomou seis gols em 15 jogos pelo Campeonato Mineiro não tem um defensor para oferecer ao Grêmio? E no Ceará, que venceu a Copa do Nordeste, ninguém? Vamos lá, Rui Costa. O sotaque eu dispenso.
*ZHESPORTES