Na semana da estreia do Grêmio na Copa do Brasil 2012, o zhEsportes recorda os personagens que marcaram os quatro títulos tricolores na competição. De domingo até quarta-feira, dia da partida contra o River Plate-SE, confira relatos de técnicos e jogadores sobre as campanhas vitoriosas do clube no torneio. Na abertura da série Tetra: os personagens de cada triunfo, relembre a primeira conquista em 1989 frente ao Sport Recife.
Era a primeira participação do Grêmio na Copa do Brasil. Aliás, a primeira edição do torneio também, que começou a ser disputado em 1989. O primeiro título tricolor na competição começou a ser construído frente ao desconhecido Ibiraçu, no Estádio Engenheiro Araripe, em Vitória, no Espírito Santo.
Um gol do lateral-direito Alfinete deu a vitória na estreia tricolor na estreia, que ocorreu longe de casa, a exemplo do que acontecerá na próxima quarta-feira, quando o Grêmio visitará o River Plate-SE. No jogo de volta, o Grêmio confirmou a classificação para a próxima fase com uma goleada por 6 a 0 no Estádio Olímpico, com gols do próprio Alfinete, além de Adilson Heleno, Cuca, Kita e Paulo Egídio (duas vezes).
O técnico do Grêmio na época era Cláudio Duarte, que relembra com carinho a campanha gremista naquele ano.
- Nós estávamos bem no começo. A primeira fase foi boa, ganhamos fora e classificamos em casa. Naquela época, os clubes grandes também enfrentavam os pequenos nas primeiras fases. Mas ainda não se dava o devido valor, até por ser a primeira edição do campeonato. A campanha foi boa e positiva, início de uma história de tradição na Copa do Brasil - conta o treinador.
Nas oitavas de final, o confronto foi contra o Mixto-MT. No primeiro jogo, no Estádio José Fragelli, em Cuiabá, uma goleada de 5 a 0, com gols de Nando (duas vezes), Cuca, Alfinete e Assis decretou a vitória tricolor. A volta nem aconteceu. O time do Mato Grosso não conseguiu viajar a Porto Alegre e o Grêmio foi declarado o vencedor pela ausência do adversário.
Nas quartas, o Grêmio enfrentou o Bahia. A primeira partida, no Estádio Fonte Nova, em Salvador, terminou com vantagem gremista, por 2 a 0: gols de Cuca e Kita. Na partida da volta, no Olímpico, uma vitória simples com um gol de Edinho colocou o time de Cláudio Duarte na semifinal da Copa do Brasil.
Nesta fase o time gaúcho enfrentou nada menos que o Flamengo de Telê Santana e de Zico. Em pleno Maracanã, o Grêmio segurou um empate em 2 a 2, com gols de Luís Eduardo e de Paulo Egídio, e levou a vantagem para o Olímpico. Na volta, uma goleada espetacular: 6 a 1, com gols de Almir, Assis, dois de Cuca e dois de Paulo Egídio, que classificou o Tricolor para a final contra o Sport Recife.
O técnico Cláudio Duarte relembra o clima tenso da primeira partida pela final, disputada no Estádio Ilha do Retiro, em Recife:
- O primeiro jogo lá foi um 0 a 0 com muita disputa. Qualquer um dos times poderia ter vencido. E esse empate lá permitiu uma certa vantagem para eles.
O resultado da ida poderia até ser considerado negativo. Mas a decisão seria no Olímpico. A força dos 60 mil gremistas que lotaram o estádio acabou empurrando o time para a sua primeira conquista na Copa do Brasil.
- Lembro como se fosse hoje, um jogo em um sábado à tarde, com o Olímpico completamente lotado. O Grêmio entrou em alta rotação no primeiro tempo. Uma atuação individual transformada em coletiva que resultou naquele 1 a 0 (gol de Assis). Poderíamos fazer até mais por conta da performance superior. Mas aí o Sport, aos 45 minutos, conseguiu empatar e esse resultado daria o título para eles - conta o técnico, que relembra o gol do título marcado por Cuca na segunda etapa:
- Foi um segundo tempo muito tenso, muito nervoso. O Sport sabia que o empate servia. Mas felizmente o nosso segundo gol saiu aos 35 minutos. A explosão da torcida foi marcante. Aquele gol do Cuca, pela forma como saiu, foi um prêmio para a atividade coletiva e o esforço individual daquele time.
A decisão no Olímpico é lembrada por detalhes por Cláudio Duarte. Da superstição de Cuca antes da partida final, até o seu próprio comportamento após o final da partida.
- Antes do jogo, existia uma expectativa sobre quem faria os gols da equipe. Afinal, era um jogo decisivo. Lembro que o Cuca tinha algumas superstições. Um cara muito religioso, ia para a missa todos os dias. E acabamos creditando muito a conquista a ele, por toda a dedicação e pela crença que poderia dar certo - conta o técnico, que complementa:
- Quando terminou o jogo, fiquei no meu canto quieto. Era uma conquista na primeira edição do torneio e ainda tínhamos direito a uma vaga na Libertadores. Eu desci direto para o vestiário. Nem vi a reação da torcida. Eu já tinha feito isso em outras competições. Prefiro sair de cena e deixar os jogadores em evidência.
A partir das 22h desta quarta-feira, o Grêmio busca o penta na Copa do Brasil. O início da jornada será diante do River Plate, do Sergipe, no Estádio Lourival Baptista, em Aracaju. Pelo histórico vitorioso na competição, Cláudio Duarte vê o Grêmio em condições de repetir a conquista pela quinta vez.
- A instituição Grêmio sabe o valor da competição. Deve existir um contexto que transfira aos jogadores e a comissão técnica uma imposição necessária para vencer a Copa do Brasil. O clube tem história no torneio, é um dos que mais ganhou. Se ganhar novamente, terá cinco conquistas e será o maior vencedor. E ainda tem a vaga na Libertadores. Acredito que tem muita gente capacitada no clube para conquistar novamente este título - finaliza.
Próximos jogos:
04/03 - 16h - Cerâmica x Grêmio (Gauchão)
07/03 - 22h - River Plate-SE x Grêmio (Copa do Brasil)
11/03 - 16h - Grêmio x Novo Hamburgo (Gauchão)