Ao longo de sua mais que centenária história, o Campeonato Gaúcho de Futebol já durou um dia ou nove meses. Contou com a participação de apenas dois clubes na sua primeira edição. Mas chegou a ter 32 disputantes nos anos de 1975 e 1976.
Mudanças no período de duração, no número de participantes e no formato, são comuns para os torcedores do Gauchão desde que ele foi criado. Passa de geração por geração, sem causar incômodo. O que se avizinha para 2025 é apenas mais um capítulo de uma longa história que no último dia 9 de novembro completou 105 anos de vida.
A seguir, Zero Hora apresenta alguns dos formatos mais curiosos do Gauchão:
1919 - 1960
A primeira parte do Gauchão durou 41 anos. Entre o final dos anos 10 e o início dos anos 60, o campeonato durava poucos dias e sempre reunia os campeões regionais do interior e da capital.
Normalmente, a competição era de jogos eliminatórios (confrontos únicos e eventualmente mata-mata) e sediada numa única cidade. Em algumas oportunidades, havia disputas de pontos corridos com triangulares ou quadrangulares, onde todos jogavam contra todos e quem somasse mais pontos era considerado campeão.
1961 - 2024
A partir de 1961, o Gauchão cresceu de tamanho. Foram mais times, mais jogos e mais tempo de duração. E claro, muitas fórmulas diferentes. Nos últimos 63 anos, têm se registro de 37 regulamentos com alternâncias em sistemas de disputas de competições.
Fórmulas mais duradouras
1961 - 1967
Pontos corridos em turno e returno. Quem fizesse o maior número de pontos, ficava com o título.
2009 - 2013
Na 1ª fase, os 16 times foram divididos em dois grupos de oito. No primeiro turno, as equipes de uma chave pegam as de outras. Os quatro melhores de cada grupo avançavam. Seguiam-se quartas de final, semifinais e final em jogos únicos. O campeão do turno passava para a final do campeonato. A fórmula era semelhante no segundo turno, com a diferença dos confrontos serem dentro das chaves.
Na 2ª fase, jogos finais em ida e volta com os campeões dos turnos. Se o mesmo time vencesse os dois turnos, sagrava-se campeão antecipadamente.
Campeonatos com mais times (32)
1975 e 1976
Na 1ª fase, os 30 times eram divididos em seis grupos de cinco. Eles se enfrentavam em turno e returno, com os três melhores de cada chave se classificando. Grêmio e Inter entravam apenas na segunda fase.
Os 18 classificados mais a Dupla Gre-Nal se enfrentava em turno único. Os quatro primeiros passavam de fase. Na 3ª fase, os quatro times se enfrentavam em turno e returno. Os campeões de cada turno mais o campeão da segunda fase avançariam para uma fase final. Cada participante ganha um ponto-extra por fase vencida. Se o mesmo time vencesse as três etapas, sagrava-se campeão automaticamente.
A 4ª fase poderia ser disputada por dois ou três times. Quem chegasse a quatro pontos primeiro, ficava com a taça.
Fórmula mais extensa - 10 fases
1978
Na 1ª fase, chamada de Copa Rubens Hoffmeister. Os 15 times foram divididos em três grupos de quatro e um de três times. Eles se enfrentavam em turno e returno e os dois primeiros de cada grupo passavam à segunda fase. Os demais iriam para uma repescagem.
Repescagem – Heptagonal em turno e returno. Os dois primeiros passam à terceira fase.
2ª fase – Octogonal em turno e returno. Os 4 primeiros passariam à terceira fase.
3ª fase – Hexagonal em turno e returno. Campeão e vice da Copa Rubens Hoffmeister iriam à fase final do Gauchão.
A 4ª fase, chamada de Copa Governador do Estado, tinha os 15 times da Copa Rubens Hoffmeister mais 5 que entrariam apenas nesta etapa: Grêmio, Inter, Juventude, Caxias e Brasil-PEL. O Farroupilha acabou convidado, da 2ª divisão, pela desistência do Atlético de Carazinho na 1ª etapa. Os 20 clubes foram divididos em quatro grupos de cinco. Os times do Grupo A enfrentavam os do Grupo B em turno e returno. Da mesma forma, os times do C pegavam os do D. Os campeões de cada grupo passavam de fase.
Na 5ª fase, os quatro times se enfrentavam em semifinais de ida e volta: A x B e C x D. Os vencedores passavam à final da Copa. Na decisão (6ª fase), os vencedores das semifinais se enfrentam pelo título da Copa Governador em jogos de ida e volta, e garantiam vaga na fase final.
A 7ª fase era a Copa Estado do RS. Os 20 times eram divididos em dois grupos de 10 (A e C e B e D), que se enfrentavam em turno e returno. Os dois primeiros de cada grupo passavam às semifinais da Copa. Os quatro times se enfrentavam em semifinais de ida e volta: AC x BD (8ª fase). Os vencedores passavam à final da Copa (9ª fase) e garantiam vaga na fase final.
Finalmente, a 10ª fase era um hexagonal final, com os dois primeiros de cada copa anterior. Eles se enfrentavam em turno e returno. Quem fizesse mais pontos seria o campeão. Havendo empate em pontos, ocorria um jogo de desempate. Os campeões das Copas Governador e Estado do RS entravam com ponto-extra.
Pênaltis para sempre ter um vencedor
1989
Pela única vez, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) instituiu disputa de pênaltis em todos os jogos que terminassem empatados. O vencedor nas penalidades ganhava mais um ponto além do empate. O perdedor ficava com um. E o time que vencesse as partidas no tempo normal, ganhava três pontos por vitória.
A 1ª fase tinha dois turnos. No primeiro, dois grupos de sete times, onde as equipes do Grupo A enfrentavam os do B. Os dois melhores de cada grupo faziam um quadrangular em turno único. E os três primeiros passavam à fase final. No segundo turno, os jogos ocorriam dentro dos grupos e seguia a mesma ordem dos dois melhores de cada chave disputando um quadrangular por três vagas na fase final. Os três melhores ganhavam pontos-extras (3, 2 ou 1) conforme sua colocação (1º, 2º ou 3º). Se houvesse um time repetido nas posições dos turnos, a vaga era repassada ao time de melhor campanha na classificação geral dos dois turnos. Os oito times não classificados para o hexagonal disputavam um torneio da morte contra o rebaixamento.
A 2ª fase era um hexagonal final em turno e returno. Quem fizesse mais pontos ficava com o título. Já no "octogonal da morte", todos jogavam contra todos em turno e returno e os dois piores eram rebaixados.
O mais longo de todos - 9 meses
1994
Ficou conhecido como "Interminável", disputado por 23 equipes em 1994. A Federação organizou uma disputa de todos contra todos em turno e returno. Quem fizesse mais pontos, era o campeão. Por falta de datas no final da temporada, o Grêmio chegou a jogar três partidas no mesmo dia, com três times diferentes no Estádio Olímpico.
Série B para Série A no mesmo ano
1995 - 1999
Neste período, o número de participantes variou de 16 a 20 times. Mas a fórmula básica tinha uma fase classificatória em dois turnos com seis ou oito times passando para uma segunda fase. Nesta etapa, entravam os dois melhores times que haviam disputado a Série B no mesmo momento. Seguia-se jogos de mata-mata até o título.
Rio Grande convidado
2000
Para homenagear os 100 anos do Sport Club Rio Grande, time de futebol mais antigo do Brasil em atividade, a Federação convidou o clube para jogar o Gauchão mesmo estando na 2ª Divisão. Grêmio, Inter e Juventude entravam apenas na 2ª fase.
14 times foram divididos em dois grupos de sete. Eles se enfrentaram em turno e returno, dentro dos grupos, com os dois melhores de cada grupo e o melhor terceiro avançando de fase. Os últimos colocados de cada grupo seriam rebaixados, assim como o Rio Grande. Na 2ª fase, os oito times se enfrentavam em turno e returno e os campeões de cada turno se classificavam para as finais. Se um mesmo time vencesse os dois turnos, seria campeão por antecipação.
Fórmulas "enxutas" - 12 times
2017 - 2024
Nas últimas oito edições do Gauchão, o número de participantes não mudou: foram 12 equipes. E a fórmula variou bem pouco. Depois de uma fase classificatória, oito ou quatro times passavam de fase, e seguiam-se confrontos eliminatórios até a decisão. Apenas em 2020, houve finais de turno, com os campeões decidindo o título geral.