A peleia vai começar. O Gauchão começa no sábado (21) em uma edição em que o Grêmio vai em busca do sexto título consecutivo, o Inter tenta quebrar a hegemonia do rival e os clubes do Interior querem voltar a surpreender, o que não ocorre desde 2017, quando o Novo Hamburgo colocou a mão na taça.
Esta será a 102ª edição da principal competição do Rio Grande do Sul. Algumas delas foram inesquecíveis. Confira a história de 10 das disputas mais marcantes dessa longa história.
1) Brasil-Pel, o primeiro campeão
Com a perda do prazo de inscrição de diversas equipes, Brasil-Pel e Grêmio foram as únicas aptas a disputar a primeira edição do Campeonato Gaúcho, em 1919. Em jogo único, disputado na Baixada, o Xavante venceu por 5 a 1 e entrou para a história.
2) Rolo Compressor comandou a década de 1940
A primeira grande hegemonia estadual foi do Inter. Nos anos 1940, o Rolo Compressor venceu seis edições seguidas e construiu a primeira Era vitoriosa do clube. O principal nome daquela equipe era Carlitos, autor de 485 gols com a camisa colorada, marca até hoje inalcançável.
3) Renner desbanca a Dupla
Podia ser apenas mais um Gauchão, como aquele de 1938 em que o Renner também chegou à fase decisiva, após um Campeonato Metropolitano sem Inter e Grêmio. Mas não foi. A edição de 1954 se tornou histórica pelo que aconteceu nas 43 disputas seguintes em que os clubes da dupla Gre-Nal revezaram quem colocava a mão na taça.
A fase final foi disputada entre Renner, Brasil-Pel, campeão da Região Sul/Litoral, e Ferro Carril, campeão da Fronteira. O time da Capital ganhou o direito de brigar pelo título estadual após uma campanha quase irretocável no Metropolitano daquele ano. Em uma época em que a vitória valia dois pontos, o Renner venceu a competição regionalizada com seis pontos de vantagem para o Inter, o segundo colocado. Após 18 jogos, somou 33 pontos em um desempenho invicto e que teve um saldo de gols de 43.
O Gauchão também foi vencido sem derrotas. Foram três vitórias e um empate, com sete gols marcados e somente um sofrido.
O futuro tratou de mostrar que a conquista não foi um acaso. A equipe de Selviro Rodrigues contava com nomes como Valdir de Moraes e Ênio Andrade.
4) Grêmio leve 12 títulos em 13 disputas
Entre 1956 e 1968, o Rio Grande do Sul foi quase todo azul. Exceção feita a 1961, o Grêmio foi o campeão gaúcho em todas as outras edições. Foram 12 títulos em 13 disputadas. Primeiro veio o penta. Depois, um predomínio ainda maior com o hepta.
As taças foram conquistadas por quatro técnicos diferentes. Oswaldo Rolla, o Foguinho, venceu entre 1956 e 1960. Depois, o hepta teve as mãos de Carlos Froner, três vezes, e Sérgio Moacir Torres, outras três, e Luis Engelke, uma vez cada.
Em campo surgiram ídolos como Airton Pavilhão, Gessy, Alcindo, Juárez, Joaozinho Milton Kuelle, Ortunho e Everaldo.
5) O octa colorado
O ano de 1969 mudou a história colorada. Em poucos meses, o Inter inaugurou o seu estádio e encerrou uma incômoda sequência de vitórias do rival. A dupla Gre-Nal travou uma batalha ponto a ponto no octogonal final daquela temporada. No clássico que fechou o torneio, os colorados seguraram 0 a 0 e voltaram a ser donos do futebol gaúcho.
O predomínio do Inter seguiria por mais sete edições, na maior sucessão de títulos da centenária história do Gauchão. De todos, um dos mais marcantes foi o de 1974, quando o Inter venceu as 18 partidas disputadas.
6) O fim da hegemonia colorada
Foi uma longa jornada até desbancar o Inter do topo do futebol gaúcho. Foram oito anos mais 33 jogos até chegar à final de 1977. A decisão, em um Olímpico ainda sem o anel superior, se tornou um dos grandes jogos da história tricolor.
Foi o jogo em que André Catimba marcou o gol e saltou para a história, em uma comemoração em que pula para um mortal, se lesiona no ar e se esborracha no chão. O 1 a 0 do time de Telê Santana é uma importante parte da história gremista.
Os minutos finais daquele jogo foram inusitados. Ansiosa, a torcida gremista invadiu o campo antes do final. O time colorado alegou falta de segurança e foi para o vestiário. Sem o retorno do Inter, o jogo foi dado por encerrado pelo árbitro Luís Torres após 30 minutos.
7) Dupla Caju 1998 e 2000
Demorou até a dupla Gre-Nal ser desbancada novamente. Foi em 1998. Aproveitando a eliminação gremista nas quartas de final, o Juventude chegou à decisão após passar pelo Brasil-Pel. Adversário da final, o Inter superou o Veranópolis nas semifinais.
Na final, o Ju venceu a ida por 3 a 1. Na volta, em Porto Alegre, segurou o 0 a 0 e fez a festa diante da torcida colorada. O time da final teve Humberto, Borges Neto, Capone, Índio Edson; Marcão, Flávio, Lauro (Jardel) e Sandro Fonseca; Rodrigo Gral (Mabília) e Sandro Sottili. O técnico era Lori Sandri.
Dois anos depois, a Serra voltou a ter o campeão. Desta vez, o Caxias superou o Grêmio, de Ronaldinho Gaúcho. Após uma fase preliminar, os oito classificados jogaram um octogonal em turno e returno. Na primeira perna, a fase foi vencida pelo Caxias. A segunda, pelo clube Grêmio. Os dois foram à disputa decisiva.
No primeiro jogo da final, o time de Tite goleou por 3 a 0 no Centenário, gols de Gil Baiano, Alex Xavier e Márcio. No Olímpico, o 0 a 0, com Ronaldinho perdendo pênalti, bastou para a conquista inédita. O time da final teve Gilmar; Jairo Santos, Émerson, Paulo Turra e Sandro Neves; Ivair, Titi (Cláudio), Gil Baiano e Márcio; Jajá (Delmer) e Adão (Luciano Araújo).
8 - O início de nova hegemonia colorada
A última sequência de títulos (2011-16) do Inter começou de maneira dramática, em uma decisão histórica diante do Grêmio.
Após o Tricolor vencer a Taça Piratini, o primeiro turno do campeonato, o Inter superou o maior rival na Taça Farroupilha, a segunda parte do torneio. Após empate no tempo normal, o time de Paulo Roberto Falcão impediu o título antecipado do adversário e conseguiu, nos pênaltis, um lugar na final. Tinha mais drama logo adiante.
Na ida da decisão, no Beira-Rio, vitória gremista por 3 a 2. Na volta, ainda no Olímpico, o título se aproximou dos gremistas, com o gol de Lúcio no começo do jogo. O Inter virou para 3 a 1, com gols de Leandro Damião, Andrezinho e D’Alessandro. Nos minutos finais, Borges descontou, levando a decisão para os pênaltis.
Foram necessárias sete cobranças de cada lado para decidir o campeão. O Inter venceu por 5 a 4. Willian Magrão, Lúcio e Adilson erraram para o Grêmio, Douglas, Fábio Rochemback, Lins e Rodolfo converteram suas cobranças. No Inter, Damião e Kleber falharam, D’Alessandro, Oscar, Bolatti, Nei e Zé Roberto acertaram.
9) No Hamburgo campeão
Em 2017, a surpresa atendeu pelo nome de Novo Hamburgo. O Noia superou a dupla Gre-Nal para conquistar o título estadual pela primeira vez. Depois de dois empates, a taça chegou nas disputas de pênaltis diante do Inter.
D'Alessandro, Cuesta e Nico López desperdiçaram seus chutes para o Inter. William foi o único a converter para os colorados. João Paulo, Júlio Santos e Pablo marcaram para o Anilado. Léo acertou o travessão.
10 - Nova sequência gremista
A atual sequência de cinco títulos do Grêmio começou em 2018, dando continuidade a uma série de títulos do Tricolor e encerrando um seca de oito anos sem vencer o Gauchão.
O Inter caiu nas quartas de final para o Tricolor. Na semifinais, a vítima foi o Avenida. Na decisão, um placar agregado de 7 a 0 sobre o Brasil-Pel.