Grêmio e Inter se enfrentam na próxima quarta-feira (5), às 21h30min, pela final da Taça Francisco Novelletto, o returno do Campeonato Gaúcho. Quem vencer será o adversário do Caxias na grande decisão do Gauchão de 2020.
Apesar do retrospecto favorável ao Tricolor em Gre-Nais desse ano (três jogos, duas vitórias e um empate), as equipes chegaram de forma diferente na final. O Inter, em menos de 15 minutos, abriu 3 a 0 contra o Esportivo e ainda no primeiro tempo já havia garantido sua classificação (o jogo acabou 4 a 0). Já o Grêmio, apesar de ter aberto 2 a 0 aos 22 minutos do primeiro tempo, sofreu contra o Novo Hamburgo e só se garantiu na decisão aos 44 minutos do segundo tempo com o gol de Luciano.
Mas quem chega melhor ao Gre-Nal 426? Abaixo, a opinião de três colunistas de GaúchaZH e de três comentaristas do canal Sportv, de fora do Rio Grande do Sul.
Uma máxima que envolve o Gre-Nal diz que não há favorito quando se fala do clássico. E de fato não há. Buscar apontar um favorito acaba sendo uma pauta recorrente na imprensa que precisa projetar os diversos cenários que envolvem o clássico, e isso faz parte de toda a magia e encantamento que cercam uma infinidade de notícias às vésperas do enfrentamento e que acabam alimentando discussões entre torcedores.
Entretanto, quem conhece e vive o Gre-Nal sabe que na prática apontar favoritismo não significa absolutamente nada. São inúmeros os exemplos que evidenciam o quanto a discussão sobre favoritismo acaba sendo inútil. Agora, se formos analisar quem chega melhor, e isso é diferente de favoritismo, os resultados de domingo, nos jogos semifinais, indicam que o Inter mostrou mais consistência ao eliminar o Esportivo. A classificação do Grêmio foi sofrida e como bem disse Renato Portaluppi, com o time cometendo erros infantis. Será mais um Gre-Nal imprevisível, como todos os clássicos.
Antes de tudo, vamos deixar bem claro que chegar melhor ao Gre-Nal tem significado zero. Porque esse é um jogo diferente, especial e que muda humores e temperamentos em um estalar de dedos. O domingo do Inter foi alvissareiro. O time triturou o Esportivo em 13 minutos. Depois, aproveitou para treinar e começar a se condicionar para o clássico.
O domingo do Grêmio foi a antítese total. O futebol do time foi mascado, lento e com doses elevadas de apatia. Só resolveu a questão, de forma acidental, aos 45 do segundo tempo. Porém, a segunda-feira de uma semana Gre-Nal tem o poder de passar a régua e zerar tudo. Quem chega melhor? O Inter. Que diferença isso faz a partir do momento em que a bola rolar? Nenhuma.
Inter. Usando o critério da última imagem apresentada em campo antes do Gre-Nal, o Colorado passou por cima do Esportivo, resolvendo a parada em 15 minutos. A partida teve a confirmação de uma formatação de time, confirmando os conceitos idealizados por Eduardo Coudet. O momento é de Thiago Galhardo, destaque como o parceiro de Guerrero. Boschilia e Marcos Guilherme também deram boa resposta. A equipe funcionou sem D’Alessandro.
Em contrapartida, o Grêmio surpreendeu negativamente, se complicando para passar pelo Novo Hamburgo. O principal problema do time de Renato Portaluppi foi o fato de se desligar da partida quando fez 2 a 0. Muitos erros individuais. Jogadores de grande qualidade, como Matheus Henrique e Jean Pyerre, estiveram irreconhecíveis. Porém, há um detalhe que não podemos esquecer na hora de projetar o clássico, que é um grande trunfo para o Tricolor. Há muito tempo, o time tem um esquema de jogo consolidado por Renato.
Arnaldo Ribeiro
Nesse quarto Gre-Nal do ano, a minha expectativa é de uma certa novidade. Nos dois anteriores pelo Gaúcho, o Grêmio venceu, cada um em uma circunstância. Na Libertadores, teve aquele empate que era o jogo mais esperado. Agora, é mais importante pelo caráter de final de campeonato, com todo respeito ao Caxias. Acho que em relação ao primeiro Gre-Nal deste ano até o quarto (amanhã), o Inter caminhou mais que o Grêmio, evoluiu mais.
O Tricolor mostrou após a pandemia alguma vulnerabilidade defensiva, não só pelo jogo contra o Novo Hamburgo. Enquanto o Inter, teve a questão do sofrimento maior, em termos de gramado, acho que nas duas últimas partidas foi um outro padrão. O treinador Eduardo Coudet mostra o que se esperava dele. O Inter, para esse quarto Gre-Nal, está um pouco à frente em um quadro geral, até na questão de segurança defensiva. Não quer dizer que seja o favorito, mas vejo o Inter em mais condições de avançar para a final do Gauchão.
Lédio Carmona
Eu acho que o Inter está mais encorpado, está mais inteiro. Acho que ele equilibrou o jogo nos três Gre-Nais, ok ele não venceu, não fez gol, mas em termos de desempenho o Inter está melhor. Até antes da pandemia, eu achava Inter, São Paulo e Flamengo os melhores times do Brasil. Os sinais da partida contra o Esportivo foram bons, o Inter voltou a jogar como na pré-pandemia. O Grêmio não consegue desempenhar bem, consegue resultado, mas você sempre espera mais do time.
O Everton não vive grande momento, Matheus Henrique também não, a lateral esquerda continua mal resolvida, mas por outro lado você tem Geromel e Kannemann, que nunca perderam Gre-Nal juntos. Isso joga a questão psicológica para o lado do Inter. Grêmio pode estar inferior ao Inter, mas tem ganhado tanto que vai jogar a pressão para o rival. Não sei se o Colorado está preparado para um novo revés no clássico. No campo, o Inter vive um momento melhor, mas é Gre-Nal, acho que o que vai resolver é o lado psicológico.
Sérgio Xavier Filho
Vendo os últimos jogos de Grêmio e Inter, eu acho que dá pra dizer que o Grêmio é um time mais pronto, tem mecânica, um pega a bola e já tem outro se movimentando, é um time mais estruturado, com algumas novidades em relação ao pré-pandemia. Eu acho que o Jean Pyerre é a melhor das novidades, assumiu seu posto.
Mesmo no empate contra o Ypiranga, ele já mostrou o que está fazendo no meio-campo. Ele é uma versão mais ativa do Luan. Orejuela dá uma força que estava faltando por aquele lado direito. O Guilherme Guedes vem bem também. A parte ruim é que falta recomposição, que facilidade que o Grêmio tem para tomar gol. Acho que falta rapidez para, quando perde a bola, se reorganizar.
Do lado do Inter, o time tem mais potencial para crescimento. Tem várias coisas para acontecer ainda. O meio-campo, tem o Boschilia, o Marcos Guilherme, dois jogadores que dão velocidade para o time. O Inter está taticamente bem definido, mas ainda está em formação. Defensivamente, o time está mais confiável que o Grêmio. Vai ser um jogo imprevisível, de um time que está melhor agora com outro que pode ficar melhor depois.