O preparo físico na retomada das competições foi assunto antes e depois do Gre-Nal 425, realizado na noite de quarta-feira (22), no estádio Centenário, em Caxias do Sul. O Grêmio venceu por 1 a 0, jogou melhor e pareceu mais "inteiro" do que o Inter.
As duas equipes, no entanto, tiveram o mesmo tempo de retreinamento. Ambas retomaram os trabalhos em 5 de março e, da mesma forma, foram liberadas para as atividades coletivas a partir de 13 de julho, há pouco mais de uma semana.
No entendimento do professor da Escola de Educação Física da UFRGS Eduardo Cadore, doutor em ciência do movimento humano, a explicação não é física, mas de ritmo de jogo e entrosamento.
— Os dois clubes tiveram o mesmo tempo de paralisação, de retreinamento, mas por que o Inter parece ter sentido mais a parada? O Grêmio joga junto há bem mais tempo. Quando se tem uma parada dessas, o time que joga junto há pouco tempo sente mais — avalia Cadore, que acredita que, fisicamente, os atletas estão até melhor condicionados do que após a pré-temporada do início do ano:
— Eles tiveram muito tempo para treinar a parte física. O que eles precisam agora é jogar e readquirir esse ritmo.
Ainda antes do clássico, o técnico do Grêmio, Renato Portaluppi, afirmou que seus jogadores ainda precisariam de 10 a 12 jogos para voltarem ao ritmo de antes da paralisação. O preparador físico Márcio Vitória, do Novo Hamburgo, entende que talvez não sejam necessárias tantas partidas, mas concorda que, certamente, os aspectos técnicos do jogo irão melhorar com o passar das rodadas.
— A gente vê que os atletas ainda estão em busca daquele refinamento técnico, do acabamento, da posição correta do corpo. Isso vem com a sequência de jogos, que acredito que em cinco ou seis jogos já será possível observar — diz o preparador.
Se compararmos o Gre-Nal da quarta-feira passada com o clássico 424, válido pela fase de grupos da Libertadores, em 12 de março deste ano, os números indicam algumas diferenças nas atividades de campo. No jogo desta semana, as duas equipes finalizaram menos. Se no confronto de quatro meses atrás o Inter chutou 10 vezes, no duelo na Serra foram oito arremates. Do lado gremista, no empate sem gols na Arena a equipe finalizou 13 vezes, contra apenas cinco chutes no Centenário.
Outra estatística que apresentou um abismo entre os dois jogos foi a de dribles. No Gre-Nal da Libertadores, os jogadores do Grêmio aplicaram 27 fintas (18 certas), contra 18 (8 corretas) do time colorado. Neste retorno do Gauchão, no entanto, os atletas tricolores deram 14 dribles (10 certos), e os colorados, somente cinco (três corretos).
Embora no Inter tanto o número quanto o aproveitamento dos passes tenha melhorado em relação ao clássico passado, no Tricolor as estatísticas pioraram. Foram apenas 223 passes — 178 certos e 45 errados, um índice de 79,8% de acertos em Caxias do Sul, mais baixo do que os 83% de acerto no Gre-Nal 424.
— É inevitável. A parada prejudicou todas as equipes. Com certeza o nível técnico e tático cai, porque foi muito tempo sem jogar. Os times costumam demorar pelo menos cinco jogos para adquirir esse ritmo. Demora um pouco, não só a dupla Gre-Nal vai ter essa dificuldade, como todas as equipes — comenta Pingo, ex-jogador e atualmente técnico de futebol.