O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, anunciou nesta sexta-feira (31) a decisão de autorizar a realização de jogos de Grêmio e Inter na Capital. Sendo assim, os estádios da dupla Gre-Nal sediarão as partidas das semifinais do segundo turno do Gauchão.
No domingo (2), o Inter recebe o Esportivo, no Beira-Rio, às 16h. Mais tarde, o Grêmio enfrenta o Novo Hamburgo, na Arena, às 19h. Você concorda com a liberação anunciada por Marchezan? Abaixo, a opinião dos colunistas de GaúchaZH.
A liberação dos jogos em Arena e Beira-Rio, pela prefeitura de Porto Alegre, finalmente atende aos anseios de Grêmio, Inter e Federação Gaúcha de Futebol. É fato que a dupla Gre-Nal fez todos os esforços para dotar seus estádios de todos os cuidados sanitários para receber as partidas. Os jogos disputados até agora em outras cidades, centrados no rígido protocolo de saúde da FGF, deram resultado positivo. Não se viu aglomerações. A preocupação do prefeito Nelson Marchezan, de que o futebol em ação poderia indicar uma mensagem de que tudo está normal, é relativa. Os efeitos nefastos da pandemia são explícitos, com ou sem a bola rolando. Insistir no veto, seria teimosia.
É sensata a decisão da volta do futebol na Capital. Não sinaliza nada que prejudique o combate à pandemia. O protocolo de segurança sanitária é sólido. O prefeito não se dobrou à nada. Conversou, ouviu, revisou uma decisão porque foi convencido por argumentos embasados em realidade. Não é privilégio e sim reconhecimento à execução bem-sucedida de um protocolo capaz de reativar uma atividade geradora de emprego, renda e entretenimento.
O equívoco está na origem. Não era o momento de voltar o futebol no Rio Grande do Sul. Houve precipitação e uma parcela de irresponsabilidade. Enquanto debatíamos possibilidade de lockdown, o futebol voltava. Não havia local para abrigar os jogos, mas a pressão pelo retorno prevaleceu e o que acompanhamos foi um retorno completamente equivocado. Como voltou e não havia como recuar, era preciso encontrar alternativas para seguir a competição e, dentro desse cenário atípico, Beira-Rio e Arena acabaram se transformando em locais seguros para a realização dos jogos. São bolhas de segurança sanitária, mas não deveriam estar sediando jogos nesse momento. Aliás, o Rio Grande do Sul não deveria estar sediando jogos no momento.
Com algum atraso, a prefeitura acertou na medida. Se libera treinos coletivos, teria de liberar os jogos. Ou não vale para os dois ou vale para treinos coletivos e jogos. Isso porque o jogo é um treino coletivo valendo três pontos. É só isso que muda. Com algum atraso a prefeitura fez o que devia ter feito lá atrás. Aplaudo de pé a medida.
Prevaleceu o bom senso. O futebol, ainda mais em nível estadual, com poucos deslocamentos, tem condições de oferecer um nível de segurança sanitária altíssimo, algo que outros setores não conseguem pela natureza da atividade, apesar dos esforços de seus agentes. O futebol testa, negativa, confina, joga, aí confina e testa de novo. É assim por diante. Acaba ajudando, coma testagem, no combate global da pandemia, por descobrir eventuais infectados e tirá-los de circulação. A vida de Grêmio e Inter, agora, terá um mínimo de previsibilidade.
A decisão é acertada porque na Arena e no Beira-Rio os dois clubes tem todas as condições de cumprir todos os protocolos. E nós já estávamos perto de Porto Alegre, afinal a Morada dos Quero-Queros, onde o Inter mandou o seu jogo em Alvorada, é muito próxima da Capital. Então não vai se passar uma mensagem ruim. Muito pelo contrário, o futebol vai dar uma mensagem muito boa com os seus protocolos rígidos. É importante renovar o nosso apelo aos torcedores, para que não façam nenhum tipo de aglomeração. Fiquem todos em casa torcendo pelo seu time.
A abertura para os jogos é importante para a dupla Gre-Nal e para a retomada do futebol, mas tem uma questão que me intriga. Se o prefeito Marchezan estava preocupado com a imagem que esta medida passaria, o que mudou agora? Embora a situação esteja estabilizada na ocupação do número de leitos, com uma pequena redução, eu não vejo muita diferença no cenário em comparação com a semana passada. Enfim, agora que está marcado é importante que façamos uso da potência do futebol para conscientização. Se o discurso normal não está surtindo efeito nas pessoas, que continuam não se cuidando, talvez o futebol se engajando consiga ajudar nesta questão de que é preciso se cuidar. Tomara que o futebol seja esse meio que leve a mensagem até as pessoas. Mas me estranha a mudança de posicionamento da prefeitura, pois o cenário segue o mesmo.
É um decisão extremamente difícil, mas é preciso considerar que o protocolo da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) é rígido e Arena e Beira-Rio têm estruturas de primeiro nível para atender às exigências. Desta maneira, considero correta a autorização. O teste precisa ser feito. Se der tudo certo neste final de semana, a experiência poderá ser repetida. Esta é uma situação que necessita de avaliação permanente.