Jean Pierre Lima estava chegando a Porto Alegre quando atendeu ao telefone. Pela manhã, havia dado aulas em Pelotas, já no clima de Gre-Nal. Os alunos, todos na faixa dos 10 anos, provocavam o professor e pediam aquela forcinha para o time deles na decisão desta quarta-feira (17). Jean, 39 anos, tirou de letra. Está acostumado com esse ambiente às vésperas de clássico. Este será seu quinto Gre-Nal, o primeiro em uma final. Confira os principais trechos da conversa.
Qual a preparação na véspera de uma final?
Moro em Pelotas, estou chegando agora (16h de terça) a Porto Alegre. Pela manhã, ainda deu tempo de trabalhar. Agora, tem concentração, algo que a Federação Gaúcha de Futebol está nos proporcionando. Já foi assim no Gre-Nal da fase classificatória (comandado por Anderson Daronco), o que é muito bom. A tarde foi reservada para reuniões, para planificar o jogo com o pessoal do VAR.
O que é tratado nestas reuniões?
Fazemos os últimos ajustes, em se tratando do jogo, das especificidades deles, de cada equipe e cada atleta. Inclusive, analisamos a partida anterior, no caso o Gre-Nal do Beira-Rio. A gente procura tomar todos os cuidados para fazer um ótimo trabalho.
O que muda com o VAR?
Essa questão do VAR tem algumas particularidades. Tanto para mim quanto para os assistentes. Tem de retardar o apito, retardar o levantar da bandeira. Nós, árbitros, estamos nos apropriando ainda do VAR. É uma ferramenta que chegou para nos auxiliar. Vemos com bons olhos. Aliás, não apenas nós, árbitros, temos de nos apropriar dele, mas também vocês, da imprensa, e os torcedores.
Quantos Gre-Nais você apitou?
Este será meu quinto Gre-Nal.
O que muda na rotina do árbitro uma final com clássico depois de quatro anos?
A gente sabe que é diferente, mexe com o sentimento de muita gente, com duas grandes histórias. Como árbitro, sempre sonhamos em estar nestas decisões. Sempre tem uma situação especial. Por isso, você procura planejar e se concentrar o máximo possível.
No domingo, o Inter reclamou muito da arbitragem. Como isso repercutiu em você?
Para ser bem sincero, fiquei bem alheio a isso. Não ouvi declarações pós-jogo. Procurei focar na partida, em assistir ao jogo mesmo. Vi a atuação do (Leandro) Vuaden, como o jogo transcorreu. Quanto ao que foi dito depois, posso te garantir que estou bem alheio a isso.
As reuniões na véspera fazem parte da programação de vocês. E no dia do jogo, como é a rotina?
Procuro fazer as mesmas coisas, para não fugir da rotina. Obviamente, cuido o que vou comer, regulo minha alimentação para estar bem na hora do jogo. Pela manhã, depois do café, ainda teremos uma reunião da arbitragem, para um fechamento da preparação. A tarde será reservada para descansar.
Para ocupar esse tempo livre, alguma trilha sonora em especial? Ou alguma série a que esteja assistindo?
Vou assistir à TV, conversar com os colegas e tomar um chimarrão para espairecer (risos).
Uma grande atuação pode credenciá-lo, ainda mais, para voos mais altos. Quem sabe um escudo da Fifa.
Estou com 39 anos. A gente sabe que a caminhada é bastante árdua. A expectativa sempre existe, a idade para entrar é um pouquinho avançada. Mas a gente espera fazer o melhor nesta noite para que se fale apenas da partida.
Jean Pierre em Gre-Nais
Vitórias do Grêmio: 2
Vitórias do Inter: 1
Empates: 1
GRE-NAL 386
Beira-Rio — Gauchão 2011
Inter 2x3 Grêmio
GRE-NAL 396
Centenário — Gauchão 2013
Inter 2x1 Grêmio
GRE-NAL 404
Beira-Rio — Gauchão 2015
Inter 0x0 Grêmio
GRE-NAL 413*
Beira-Rio — Gauchão 2018
Inter 1x2 Grêmio
*Precisou ser substituído por causa de uma lesão na panturrilha aos 18 minutos do segundo tempo.