— Eu nunca levei um soco na minha vida! — esbravejou o presidente do Pelotas, Gilmar Schneider, mostrando o rosto visivelmente inchado durante entrevista neste domingo (27).
O incidente ocorreu no estádio da Boca do Lobo, depois de a equipe mandante ter empatado em 0 a 0 com o São Luiz, de Ijuí, pela terceira rodada do Gauchão. Torcedores invadiram uma sala e agrediram dirigentes do clube. No local ao lado, o técnico Diego Gavilán concedia coletiva, que teve de ser interrompida. No vídeo abaixo, é possível ouvir barulhos de vidros sendo quebrados.
— Tinha umas 15 pessoas envolvidas. O primeiro soco foi no Álvaro Prange (gerente-executivo). Por sorte, não pegou em cheio. Aí, eu fui em direção a ele (agressor), ele voltou e me deu um soco na cara — relatou o presidente, um pouco mais calmo, em contato com a reportagem de GaúchaZH nesta segunda-feira (28).
O mais intrigante é que a situação não foi motivada pelo placar do jogo. Até porque, depois de ter vencido o Inter no Beira-Rio na última quinta-feira (24), o resultado deste final de semana deixou o Pelotas com quatro pontos, ocupando o quinto lugar na tabela de classificação. Conforme o mandatário, a reivindicação dos torcedores era por mais ingressos.
— Eles querem entrar de graça. Não têm nem CNPJ e se intitulam torcida organizada. A gente definiu que daria cem ingressos, mas eles queriam 300. Então, quando acabou o jogo, eles ficaram esperando. Simplesmente eles foram invadindo, quebrando vidros — disse Schneider.
Segundo o presidente, a Brigada Militar, que ainda estava no estádio para realizar a escolta da delegação do São Luiz, conseguiu agir rápido. Tanto que o agressor foi detido no local e levado imediatamente ao Presídio Regional de Pelotas. A partir de agora, com acesso às imagens das câmeras de segurança, investigações serão feitas para identificar os outros envolvidos.
—Não é a primeira vez. Antes, este mesmo cara já agrediu outros dois dirigentes. Ele faz faculdade de Direito. Não é um cidadão qualquer. São pessoas esclarecidas — descreve o dirigente.
Para esta terça-feira (29), o Conselho Deliberativo do clube convocou uma reunião extraordinária para avaliar e tomar providências em relação aos incidentes. O Pelotas, inclusive, teve de estrear no Estadual deste ano em Rio Grande, cumprindo punição depois que torcedores invadiram o vestiário visitante e agrediram jogadores do Inter-SM, no ano passado, pela Divisão de Acesso.
Ocupando o cargo desde o final de 2017, Gilmar Schneider afirma que deverá cumprir o mandato até dezembro de 2019, mesmo assustado.
— Agora eu já estou nisso. Infelizmente, eu estou pedindo ajuda. O marginal é ele e o escondido sou eu? A gente está vulnerável. Estou aqui no clube agora, por exemplo —descreve o presidente do Pelotas.