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Das novidades dos últimos Gauchões, a mais importante não vem dentro do campo. O formato da competição, com um número menor de clubes e um interessante aporte financeiro por parte da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) via contrato de transmissão pela TV, trouxe um evidente acréscimo no nível técnico da competição.
O antigo discurso de que a superioridade inicial das equipes do Interior tinha a ver exclusivamente com o precoce início de preparação em comparação aos dos grandes da Capital não fica mais em pé. A cada ano, percebe-se um crescimento na preocupação das pequenas equipes em se estruturarem, desde a montagem do elenco até o uso de tecnologias no monitoramento dos atletas e dos adversários. Por trás dessa evolução, fica claro o aumento do nível dos dirigentes políticos e também dos profissionais que tomam conta do planejamento e da execução do processo.
O resultado, além de oferecer um espetáculo de maior equilíbrio entre as grandes grifes do Estadual e os pequenos clubes, também se reflete diretamente na bilheteria, na capacitação das categorias de base (a maior fonte de arrecadação de um clube com visão estratégica), na qualidade dos gramados e na geração de inúmeros empregos que giram em torno das coisas da bola.
Assim, aos poucos, o Campeonato Estadual abandona a sina de torneio de regulamentos esdrúxulos, ingressos caros e premiações pouco atraentes. Quando encarado com profissionalismo e planejamento, pode ser um ponto de partida de credibilidade e esperança em um futuro para os clubes puxado pelo esforço direto dos envolvidos.
Ao contrário da situação política estadual, que segue um rumo desastroso, nosso futebol gaudério serve cada vez mais de exemplo de que é possível olhar para frente e construir, dentro e fora do campo, alternativas que sejam interessantes também no cenário nacional e internacional. Vejamos no quesito treinador.
Os atuais técnicos de destaque do futebol brasileiro, como Tite, Mano Menezes, Roger Machado e Renato Portaluppi, foram forjados ao som das torcidas de meia temporada e nas retrancas do interior gaúcho. Seguiram exemplos dos míticos Luiz Felipe Scolari, Carlos Froner e Ênio Andrade. E servem de sonho para uma nova geração formada por Beto Campos, atual campeão, Clemer, Luiz Carlos Winck e Rafael Jaques.
Os nomes são uma prova de que a manutenção do Estadual é uma usina que não pode parar.