Com uma vitória em sete jogos, o Passo Fundo soma apenas quatro pontos no Campeonato Gaúcho, no qual ocupa a lanterna. Identificado com o clube, onde começou como atleta e treinador, Leocir Dall'Astra é quem tem a missão de mudar esse cenário.
Para isso, o técnico que por enquanto comandou a equipe em apenas dois jogos – nas derrotas para Novo Hamburgo e São José – é realista. Confira na entrevista abaixo:
O que está havendo com o Passo Fundo?
É muito fácil jogar a responsabilidade para outras pessoas. O grupo foi bem montado, tem qualidade. Talvez esteja faltando espírito do Gauchão, que é importante. Com qualidade, deveríamos superar tudo isso. Mas quando o resultado não vem, as coisas ficam mais complicadas e difíceis em todos aspectos. Inclusive, a parte técnica, porque coisas fáceis se tornam difíceis. O passe fica mais difícil, chegar na cara do gol fica difícil... Erramos gols sem goleiro. Então, tudo fica pesado. Pensam que é falta de vontade, mas não é isso. Quanto mais complicada a situação, mais pesado fica o ambiente.
O que é falta de "espírito do Gauchão"?
Nosso grupo é de muita qualidade. Mas, às vezes, falta uma pegada maior. Não dá para dizer que falta entrega. Eles têm. Mas, com mais qualidade, o jogador quer jogar mais. Os outros times se fecham rápido, e a gente demora para pegar o adversário aberto. Quando temos a chance, não concluímos bem a gol.
O Passo Fundo é lanterna. Uma vitória, porém, pode mudar a situação do time, certo?
Neste jogo contra o São José, que passou, se a gente empatasse já era bom. Perdemos, complicou bastante. Dois jogos mudariam isso, mas para ganhar tem que jogar muito.
E esta situação do Saldanha, que foi multado por fazer gestos inadequados para a torcida?
Tu vê... até isso. Ele é um jogador que sempre teve a torcida do lado, ídolo por onde passou. Mas perdeu pênalti, um gol, e fez um gesto que mostrou desequilíbrio. Mas fez vídeo, pediu desculpa, vai doar um valor para uma instituição de caridade. Todo mundo pode errar, não podemos ficar condenando por um instinto. Consegui chegar a tempo nele e pedir equilíbrio.
Por que você aceitou esse desafio?
Eu estava feliz no Treze-PB, mas não estava recebendo. Achei melhor voltar para minha terra, onde comecei como jogador, acabei como atleta, iniciei como técnico. Espero salvar o Passo Fundo da degola. Eu gosto de desafios, dificuldade. Minha vida toda foi embasada nisso. Mesmo no Ypiranga, onde fiquei quase cinco anos, me cobrava muito. Aqui, é um trabalho a curto prazo, não gosto muito de trabalhar assim, mas é um desafio.
*ZHESPORTES