Depois de 99 jogos, restam só os dois da final que começa neste domingo para o Gauchão terminar. Qual o saldo, nestes tempos em que os Estaduais estão na mira injusta dos exterminadores para desafogar o calendário?
A edição 2016 não me pareceu pior do que a de 2015. Os estádios melhoraram em relação ao ano passado, sobretudo o Aldo Dapuzzo. O Bento Freitas estará novo em 2017, após a reforma. O Cruzeiro, enfim, abrirá a casa nova. Em campo, o futebol melhorou, com momentos muito bons de São José, Juventude e São Paulo-RG. O Interior está na decisão, e por pouco não tivemos campeão e vice fora da Dupla Gre-Nal. A última vez foi há 62 anos, com Renner e Brasil-Pel.
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Mas dá para dizer, com certeza, que perdemos uma grande chance melhorar o Gauchão pela ganância e insensibilidade de alguns dirigentes. É o que mostram os números da média de público. Até agora, foram 349.224 pagantes em 97 jogos e média de 3,6 mil. No ano passado, a esta altura do campeonato, eram 515.693 pagantes e média de 4.029. Os números só das semifinais são ainda mais irritantes.
Este ano, 43.397 compraram ingresso, gerando média de ocupação de 10,8 mil. Em relação ao ano passado, não houve queda nos quatro jogos da penúltima etapa da competição. Houve um tombo inaceitável: 37% a menos, com 64.824 pagantes e média de 17,2 mil. Qual o motivo desta sangria preocupante de torcedores?
O preço abusivo. Escorchante. Inexplicável.
Na semifinal entre São José e Inter, em fim de mês, o ingresso custou R$ 100 na bilheteria do Passo D’Areia. Antes, tinha “desconto”: R$ 80. O resultado deste absurdo? Público rídiculo de 1.317 testemunhas para ver a fortaleza física de Paulão dar uma de garçom de luxo e servir Ernando, no gol da vitória. E olha que tinha representante Gre-Nal envolvido. Famílias inteiras deram meia volta e foram para casa, com toda a razão.
Os dirigentes do Interior cresceram o olho demais na ânsia de faturar. O Aimoré cobrou R$ 100 contra o Inter. Se o jogo fosse em um estádio tipo Allianz Arena, vá lá. Mas no Cristo Rei? O Grêmio enfrentou o Xavante e o Veranópolis, longe da Arena, a R$ 70. Em Rio Grande, R$ 80. Além de desrespeitosa, não é uma prática inteligente.
O regulamento da competição fixa preço mínimo de R$ 30 na primeira fase, sem limite máximo. O valor mais alto no Interior foi de R$ 100, nas partidas Aimoré 1x1 Inter e Juventude 0x1 Inter. O aumento deu prejuízo. No Cristo Rei, uma única viva alma pagou R$ 100 para ver o jogo. No Jaconi, 103, gerando renda de R$ 10,3 mil. Por outro lado, 233 compraram meia-entrada, nos mesmos setores. Ali a arrecadação foi maior: R$ 11,6 mil.
Preço acessível, lucro maior.
Pode ser que os estádios lotem nas finais, pelo apelo do que está em disputa. Mas se quisermos levar público ao estádio, e não espantá-lo, os preços terão de baixar. Não seria ruim a FGF intervir, quem sabe fixando teto máximo.
Ou a ganância vai atirar o Gauchão às moscas.
*ZHESPORTES