D'Alessandro talvez tenha sido o forasteiro que mais tenha entendido a essência do Gre-Nal. Tanto que se impregnou pela rivalidade e assumiu o posto de protagonista do clássico nos últimos anos. Talvez porque tenha crescido na rivalidade vermelha e azul de River e Boca. Mas o fato é que, oito anos depois, os gaúchos sentarão às 18h30min deste domingo para ver seu principal jogo sem a figura do argentino.
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A ausência do ex-camisa 10 colorado fez o tema liderança ecoar pelos corredores do Beira-Rio. Alguém substituirá a lacuna deixada por D'Alessandro, que somou em sua historia 13 vitórias em 27 partidas, com 59% de aproveitamento? O tempo, por mais clichê que possa parecer, é quem vai dizer. É o que acreditam torcedores, ex-dirigentes e os próprios jogadores.
- Não se contrata um líder. Acho que isso é uma coisa que se forma. A identificação com o clube, com o clássico... Não adianta procurar. D'Ale chegou e preencheu o espaço que era de Fernandão, que também tinha sido do Falcão. Mais dia, menos dia, aparecerá outro - acredita o ex-dirigente.
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Uma rápida analogia entre o time e um corpo humano pode facilitar o entendimento na grandeza de D'Alessandro para o Inter e o tradicional rival. Em um sistema, cada função é fundamental. Ou vital. Dizer que ninguém é insubstituível faz parte de conceitos motivacionais. Mas a psicologia abraça uma tese parecida.
- O sistema continuará funcionando, vai adaptar-se. Mas existem características de comportamento que certamente faziam com que outras funções funcionassem melhor - explica o doutorando na área de desenvolvimento e aprendizagem motora e professor da Puc-RS, Rodrigo Sartori, que ainda tem especialização em psicologia do esporte.
D'Ale era o que de melhor define o "ser resiliente" na psicologia esportiva. Era resistente ao choque - que vinham com reclamações do argentino, principalmente em clássicos -, e esbanjava a capacidade de tomar pancada e recuperar-se do trauma. Apesar de a ciência dizer que a capacidade de liderança "é melhorável", há a carga genética do jogador que não pode ser desprezada.
- Alguém com predisposição genética, se treinado, certamente, vai assumir este espaço. D'Ale tinha uma função relevante neste sistema. Não é uma situação vital. O sistema vai continuar funcionando, vai adaptar-se. Mas existem características de comportamento que certamente faziam com que outras funções funcionassem melhor - acredita Sartori.
Esta mesma carga nos gens o tempo é o que precisam para surgir um "novo" D'Alessandro. Assim entende o ex-presidente do Inter Fernando Carvalho, exaltando a necessidade do time de ter um conjunto de lideranças.
- Não se contrata um líder. Acho que isso é uma coisa que se forma. A identificação com o clube, com o clássico... Não adianta procurar. D'Ale chegou e preencheu o espaço que era de Fernandão, que também tinha sido do Falcão. Mais dia, menos dia, aparecerá outro - acredita o ex-dirigente.
Apesar de estar de saída para a Roma no meio do ano, o goleiro Alisson desponta como uma das referências do time de Argel apesar dos seus 23 anos. O camisa 1 não intimida-se na cobranças aos companheiros nem recusa-se a enfrentar a imprensa quando o momento não é bom.
- Tem jogadores que exercem uma liderança natural. Em um grupo jovem, como este do Inter, uns surpreendem. O Alisson é jovem, mas tem visível liderança - aponta o deputado estadual e conselheiro do Inter, Ibsen Pinheiro.
D'Alessandro fará falta, sim. Mas não pelo ímpeto recorrente do gringo, que "acabava justificando-se em excessos", segundo Ibsen.
A partir deste domingo, o vestiário do Inter não terá mais a aura de D'Alessandro. E a busca por um novo líder dentro de campo começará com um batismo de fogo, na Arena.
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Amanda Munhoz
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